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Abbas 8ed - Imunologia Celular e Molecular

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A tolerância materna do feto pode ser mediada por Treg. Evidências<br />

experimentais sugerem que as células T regulatórias previnem reações imunes<br />

contra antígenos paternos que não são expressos na mãe. Antígenos fetais induzem<br />

Treg FoxP3 + de longa duração em camundongos, e a depleção dessas células<br />

resulta em perda fetal. Durante a gestação, Treg sistêmicas e deciduais aumentam<br />

nas mães e Treg em abundância são encontradas no feto. De fato, mamíferos<br />

eutérios (mamíferos com placenta) desenvolveram uma alteração mediada por<br />

transposon em uma sequência regulatória do gene FoxP3 que permite a geração de<br />

Treg periféricas nesses mamíferos. Esta região regulatória do FoxP3 não é<br />

encontrada nos primeiros vertebrados ou mesmo em mamíferos metatérios, tais como<br />

cangurus e wallabies (um animal semelhante ao canguru, porém menor) que<br />

carregam seus filhotes. A contribuição das Treg na gestação humana está sob<br />

investigação ativa, assim como a possibilidade de defeitos nas células Treg serem a<br />

base para os abortos espontâneos recorrentes.<br />

As respostas imunes ao feto podem ser reguladas por concentrações<br />

locais de triptofano e de seus metabólitos na decídua. Sabe-se que a enzima<br />

indolamina 2,3-dioxigenase (IDO) cataboliza o triptofano e que a droga inibidora de<br />

IDO, 1-metil-triptofano, induz abortos em camundongos de maneira dependente de<br />

células T. Essas observações levaram à hipótese de que as respostas de células T<br />

ao feto sejam normalmente bloqueadas porque os níveis de triptofano da decídua são<br />

mantidos baixos, ou os níveis de metabólitos tóxicos produzidos por IDO são altos.<br />

Diversos outros mecanismos também podem abater a resposta imune materna ao<br />

feto, incluindo a expressão de FasL por células trofoblásticas fetais que promovem<br />

apoptose de linfócitos maternos ativados que expressam Fas, a geração de células<br />

dendríticas tolerogênicas em resposta à galectina-1 expressa na decídua e o prejuízo<br />

na migração de células dendríticas do útero para os linfonodos.<br />

Os trofoblastos e a decídua também podem ser resistentes ao dano mediado pelo<br />

complemento. Em camundongos, esses tecidos expressam um inibidor de C3 e de<br />

C4 denominado Crry. Os embriões deficientes em Crry morrem antes do nascimento e<br />

mostram evidência de ativação do complemento em células do trofoblasto. Portanto,<br />

esse inibidor pode bloquear o dano mediado pelo complemento e por aloanticorpos<br />

maternos. Entretanto, as moléculas Crry ou equivalentes não foram encontradas em<br />

humanos.<br />

Resumo<br />

Os sistemas imunes regionais, incluindo aqueles localizados no trato gastrintestinal e<br />

na pele, são populações especializadas de células imunes inatas e adaptativas<br />

em locais anatômicos particulares, que realizam funções protetoras e reguladoras<br />

únicas naqueles locais.<br />

O sistema imune gastrintestinal deve lidar com a presença de trilhões de bactérias

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