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Comentário de Salmos - Vol 4

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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10 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

fundamente os sentimentos da alma. Ele mesmo afirma na introdução<br />

aos <strong>Salmos</strong> que <strong>de</strong>nomina este livro <strong>de</strong> “uma anatomia <strong>de</strong> todas as<br />

partes da alma”, e, por certo, ele escrutina a sua própria alma em seus<br />

comentários. Aliás, é na <strong>de</strong>dicatória ao comentário dos <strong>Salmos</strong> que encontramos<br />

alguns raros e preciosos dados autobiográficos <strong>de</strong> Calvino.<br />

O tom <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncia contra o erro nunca é esvaziado, mas a voz do<br />

pastor é presente.<br />

Outra área que distingue Calvino em seus comentários é<br />

como hebraísta. É óbvio que não se po<strong>de</strong> esperar que usasse,<br />

anacronicamente, os conhecimentos e recursos que são posteriores<br />

à sua época. Mas, com certeza, não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> observar<br />

que ele avança significativamente na aplicação do conhecimento da<br />

língua hebraica na interpretação. Uma <strong>de</strong> suas claras convicções<br />

é <strong>de</strong> que o conhecimento da língua original é fundamental para a<br />

compreensão do texto e para a boa exegese. Justamente no quesito<br />

exegese é que a habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Calvino supera o que foi produzido em<br />

seu tempo. Ele mantinha a convicção <strong>de</strong> que compreensão gramatical<br />

prece<strong>de</strong> a compreensão teológica. No comentário dos <strong>Salmos</strong><br />

o uso do hebraico transita entre o trabalho lexical e a gramática.<br />

Comparando as traduções bíblicas e outros comentários, incluindo<br />

comentários rabínicos, faz acertadas propostas <strong>de</strong> tradução para<br />

o texto, discutindo com gran<strong>de</strong> habilida<strong>de</strong> a relevância, por exemplo,<br />

da questão da tradução dos verbos, do significado específico<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas partículas e seu uso. Num tempo em que o estudo<br />

gramatical tendia pesadamente para o prescritivo, Calvino discute o<br />

uso contextual <strong>de</strong> palavras e expressões.<br />

Como filho <strong>de</strong> seu tempo, lutando contra séculos <strong>de</strong> interpretação<br />

alegórica e ten<strong>de</strong>nciosa, Calvino <strong>de</strong>u passos visíveis em direção contrária.<br />

Ele afirma que “o verda<strong>de</strong>iro significado das Escrituras é aquele<br />

que é natural e óbvio”. 5 A habilida<strong>de</strong> em ir “da mera letra, além” e<br />

5 Citado em Lawson, Steven. A arte expositiva <strong>de</strong> João Calvino. S. J. Campos: Editora Fiel, 2008,<br />

p. 72. Do <strong>Comentário</strong> aos Gálatas, capítulo 4, verso 22.

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