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Comentário de Salmos - Vol 4

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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422 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

Ele os chamava para mais perto <strong>de</strong> Si, com a mais privilegiada familiarida<strong>de</strong>,<br />

agora que havia escolhido certo lugar certo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso entre<br />

eles. Assim, o salmista transmite uma con<strong>de</strong>nação implícita sobre a<br />

indiferença daqueles cujo zelo não aumenta em proporção à medida<br />

da revelação que <strong>de</strong>sfrutam.<br />

O termo habitações está no plural e talvez ocorra assim (embora<br />

tenhamos dúvida <strong>de</strong> que o salmista tinha essas pequenas distinções<br />

em mente) porque havia no templo um santuário interior, um santuário<br />

no meio e o átrio. É muito importante atentar ao epíteto com o qual<br />

o salmista <strong>de</strong>signa a Arca da Aliança, chamando-a <strong>de</strong> estrado dos pés <strong>de</strong><br />

Deus, para sugerir que o santuário jamais po<strong>de</strong>ria conter a imensidão<br />

da essência <strong>de</strong> Deus, como os homens se inclinavam absurdamente<br />

a imaginar. Visto que o mero templo externo, com toda a sua majesta<strong>de</strong>,<br />

não era mais do que estrado <strong>de</strong> seus pés, o povo era chamado<br />

a erguer os olhos ao céu e fixar, com a <strong>de</strong>vida reverência, sua contemplação<br />

no próprio Deus. Sabemos que eram proibidos <strong>de</strong> formar<br />

qualquer conceito inferior e carnal a respeito dEle. É verda<strong>de</strong> que em<br />

outro passagem nós o achamos sendo chamado “a presença <strong>de</strong> Deus”<br />

[Sl 27.8], para confirmar a fé do povo em olhar para este símbolo divino<br />

que era exibido aos olhos <strong>de</strong>les. Ambas as idéias são realçadas<br />

mui distintamente na passagem que ora examinamos, ou seja, <strong>de</strong> um<br />

lado é mera superstição presumir que Deus se confina a um templo<br />

e que, em contrapartida, os símbolos externos <strong>de</strong>vem ter seu uso na<br />

Igreja – que, em suma, <strong>de</strong>vemos aproveitar esses símbolos como auxílios<br />

para a nossa fé, mas não <strong>de</strong>positar neles nossa confiança. Embora<br />

Deus habite no céu e esteja acima <strong>de</strong> todos os céus, <strong>de</strong>vemos valer-nos<br />

<strong>de</strong> auxílios para crescer no conhecimento dEle. E, ao dar-nos símbolos<br />

<strong>de</strong> sua presença, Ele coloca, por assim dizer, seus pés na terra e nos<br />

permite tocá-los. É assim que o Espírito Santo con<strong>de</strong>scen<strong>de</strong> ao nosso<br />

proveito e acomoda-se à nossa <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong>, elevando nossos pensamentos<br />

ao céu e às coisas divinas por meio <strong>de</strong>sses elementos terrenos.<br />

Em referência a esta passagem, a nossa atenção é <strong>de</strong>spertada à<br />

espantosa ignorância do Segundo Concílio <strong>de</strong> Nicéia, no qual os dig-

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