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Comentário de Salmos - Vol 4

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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<strong>Salmos</strong> 119 • 171<br />

e entesourada em seus corações, para torná-los mais versados nele.<br />

No tocante ao autor, nada afirmo, porque não se po<strong>de</strong> ter certeza<br />

quem foi ele, mesmo através <strong>de</strong> conjectura provável. Os expositores<br />

concordam que não se po<strong>de</strong> chegar a nenhuma conclusão satisfatória<br />

sobre a matéria. Como Davi suplantou a todos os <strong>de</strong>mais em questão<br />

<strong>de</strong> talento poético e <strong>de</strong>vocional, não terei escrúpulo <strong>de</strong> inserir ocasionalmente<br />

seu nome. 5<br />

Po<strong>de</strong> ser oportuno observar certos termos que amiú<strong>de</strong> ocorrem<br />

neste Salmo. Quanto ao termo תורה (torah) nada digo além <strong>de</strong> que,<br />

tendo sua <strong>de</strong>rivação em uma palavra que significa instruir, é entendido<br />

invariavelmente no sentido <strong>de</strong> lei. Alguns dos rabinos afirmam<br />

que חוקים (chukim) significa estatutos ou ritos divinamente <strong>de</strong>signados,<br />

cuja razão é muito óbvia. Dizem que פקדים (phikudim) <strong>de</strong>nota<br />

aqueles preceitos que se relacionam com a justiça natural. É certo<br />

que משפטים (mishpatim) significa mandamentos, porque isto se prova<br />

pela etimologia da palavra. Quanto a עדות (edoth), os hebreus a enten<strong>de</strong>m<br />

como que referindo-se à doutrina da lei, mas com a indicação<br />

5 Alguns consi<strong>de</strong>ram este Salmo, bem como os <strong>de</strong>mais <strong>Salmos</strong> alfabéticos, como composições<br />

mais mo<strong>de</strong>rnas do que as do tempo <strong>de</strong> Davi e atribuem sua escrita ao tempo do cativeiro babilônico.<br />

Muitos outros, porém, como Venema e Michaelis, o atribuem a Davi e presumem que foi escrito<br />

antes <strong>de</strong> sua elevação ao trono. Certamente, seu conteúdo favorece esta última opinião, parecendo<br />

concordar bem com a longa e estressante perseguição a que Davi se sujeitara em <strong>de</strong>corrência da<br />

malícia e vingança <strong>de</strong> Saul. Se Davi foi seu autor, este Salmo é o mais simétrico e laborioso, em sua<br />

composição, <strong>de</strong> todos os seus <strong>Salmos</strong>. E ele exibiu, no tratamento <strong>de</strong> seu tema – que é a celebração<br />

da perfeição da lei <strong>de</strong> Deus e a felicida<strong>de</strong> dos que lhe obe<strong>de</strong>cem –, extraordinária fecundida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> expressão, como se uma <strong>de</strong> suas intenções fosse mostrar como ele podia, em muitas formas<br />

diferentes e profusão <strong>de</strong> palavras, enunciar e ilustrar uns poucos e mesmos tópicos. As aspirações<br />

por instrução, consolação e proteção, com que quase toda parte <strong>de</strong>ste Salmo se acha entretecida,<br />

tem um efeito confortador e <strong>de</strong>leitoso, enquanto a linguagem se torna totalmente impressionante<br />

por sua força e concisão peculiares. Entretanto, po<strong>de</strong> ser duvidoso se é justo elevá-lo, como alguns<br />

o têm feito, acima <strong>de</strong> todos os <strong>de</strong>mais salmos. O Dr. Adam Clarke observa criteriosamente: “Como<br />

todas as <strong>de</strong>mais porções da revelação divina, este salmo é elegante, importante e útil. Enquanto eu<br />

admiro a criativida<strong>de</strong> do gênio do salmista, o fluxo incessante <strong>de</strong> sua veia poética, seus numerosos<br />

sinônimos e seu copia verborum, pelos quais ele capacitado a expor, diversificar e ilustrar a mesma<br />

idéia, apresentando-a a seu leitor em todos os pontos <strong>de</strong> vista possíveis, a ponto <strong>de</strong> torná-la agradável,<br />

instrutiva e impressionante, não posso usurpar do resto do livro seu justo louvor, pondo este<br />

salmo, como muitos o têm feito, acima <strong>de</strong> todas as peças <strong>de</strong> que o livro se compõe. Por mais longo,<br />

simétrico e diversificado que seja, na proporção <strong>de</strong> sua extensão, este salmo contém as idéias mínimas<br />

<strong>de</strong> qualquer outro salmo no livro”.

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