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Comentário de Salmos - Vol 4

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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384 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

totalmente a Ele, com sincerida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coração, pois Ele nunca <strong>de</strong>sapontará<br />

aos que O servem. O primeiro versículo contém um resumo<br />

do assunto que é o tema do Salmo; o restante é apenas uma exposição.<br />

A máxima “os que temem ao Senhor serão abençoados especialmente<br />

nesta vida” se coloca em tão flagrante oposição à opinião comum dos<br />

homens, que poucos lhe darão seu assentimento. É possível encontrar<br />

por toda parte agitação <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> muitos epicureus, semelhantes<br />

a Dionísio, que, tendo tido certa vez um vento favorável no mar e uma<br />

viagem próspera, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> haver pilhado um templo, 2 se vangloriou<br />

<strong>de</strong> que os <strong>de</strong>uses favoreciam os ladrões <strong>de</strong> igreja. Igualmente os fracos<br />

se perturbam e se sentem abalados ante a prosperida<strong>de</strong> dos maus, e<br />

em seguida <strong>de</strong>sfalecem sob o fardo <strong>de</strong> suas próprias misérias. Os que<br />

<strong>de</strong>sprezam a Deus, não po<strong>de</strong>m realmente <strong>de</strong>sfrutar <strong>de</strong> prosperida<strong>de</strong>;<br />

e a condição dos homens bons po<strong>de</strong> ser tolerável, mas a maioria dos<br />

homens é cega em avaliar a providência <strong>de</strong> Deus ou parece não percebê-la<br />

um mínimo sequer. O adágio “é melhor não haver nascido ou<br />

morrer o quanto antes” certamente tem sido <strong>de</strong>sejado, visto que tem<br />

sido recebido pelo consenso comum <strong>de</strong> quase todos os homens. Finalmente,<br />

a razão carnal julga ou que toda a humanida<strong>de</strong>, sem exceção, é<br />

miserável, ou que o <strong>de</strong>stino é mais favorável aos ímpios e iníquos do<br />

que aos bons.<br />

O sentimento <strong>de</strong> que são abençoados os que temem ao Senhor<br />

conta com a aversão <strong>de</strong> todos, como já <strong>de</strong>clarei mais extensamente no<br />

Salmo 37. A pon<strong>de</strong>ração sobre esta verda<strong>de</strong> é extremamente indispensável.<br />

Além do mais, como esta bem-aventurança não é aparente aos<br />

olhos, é muito importante, a fim <strong>de</strong> sermos capazes <strong>de</strong> entendê-la, que,<br />

primeiramente, atentemos à sua <strong>de</strong>finição, que será dada <strong>de</strong> passagem,<br />

e que, em segundo lugar, saibamos que ela <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> principalmente<br />

da proteção divina. Ainda que reunamos todas as circunstâncias que<br />

pareçam contribuir para uma vida feliz, nada será encontrado mais<br />

2 “Lequel une fois ayant bon vent sur mer, et la navigation prospore apres avoir pillé une<br />

temple” — Fr.

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