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Comentário de Salmos - Vol 4

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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<strong>Salmos</strong> 119 • 259<br />

113. Tenho odiado os pensamentos tortuosos. Aqueles que acham<br />

que a palavra סעפום (seaphim), a primeira no versículo, traduzida por<br />

pensamentos tortuosos, é um substantivo apelativo traduzem-na por<br />

aqueles que pensam mal. 39 porém, é mais correto entendê-la como se<br />

referindo aos próprios pensamentos, 40 e esta é a interpretação mais<br />

geralmente adotada. O substantivo סעף (saeph) significa propriamente<br />

um ramo, porém é aplicado metaforicamente aos pensamentos, os<br />

quais, brotando do coração, como os ramos brotam do tronco <strong>de</strong><br />

uma árvore, se expan<strong>de</strong>m em toda direção. E não há dúvida <strong>de</strong> que<br />

nesta passagem o termo é tomado num sentido ruim; e adicionei o<br />

epíteto tortuoso, que é exigido pela etimologia da palavra. 41 Como os<br />

ramos <strong>de</strong> uma árvore brotam transversalmente, se emaranhando e se<br />

entretecendo, assim também os pensamentos da mente humana são<br />

confusamente entrelaçados, voltando-se e enroscando-se em todas as<br />

direções. Alguns intérpretes ju<strong>de</strong>us o enten<strong>de</strong>m como uma referência<br />

às leis dos pagãos, as quais, dizem, foram retiradas da lei <strong>de</strong> Deus,<br />

como os ramos <strong>de</strong> uma árvore. Embora essa idéia seja engenhosa,<br />

não possui coerência. Portanto, optarei pela explanação mais simples:<br />

as invenções tortuosas do coração humano e tudo que os perversos<br />

inventam, segundo seus próprios entendimentos perversos, são opos-<br />

39 Na versão Caldaica temos “pensadores vãos”; assim, o significaria seria: “Eu o<strong>de</strong>io os homens<br />

que pensam mal, tramam projetos perversos, ou fomentam opiniões falsas e más, opostas à<br />

lei <strong>de</strong> Deus, ou pen<strong>de</strong>m para os homens que afastam <strong>de</strong>la”.<br />

40 Em Jó 4.14 e 20.2, essa palavra significa pensamentos; em 1 Reis 18.21, opiniões; e estas po<strong>de</strong>m<br />

ser ou boas ou más, sendo o seu caráter <strong>de</strong>terminado pelo contexto da passagem em que a<br />

palavra ocorre.<br />

41 O sentido do texto requer também que a palavra traduzida por pensamentos, aqui, seja interpretada<br />

em um sentido negativo, pois o salmista afirma que os o<strong>de</strong>ia e põe a lei <strong>de</strong> Deus em oposição<br />

a eles. Vários epítetos têm sido supridos para <strong>de</strong>screver o caráter <strong>de</strong>sses pensamentos, tais<br />

como “tortuosos”, por Calvino; “vãos”, pela versão inglesa; e “arrogantes”, por Lutero. Ainsworth<br />

supre inconstantes, observando que o termo original <strong>de</strong>nota os ramos altos das árvores, que são<br />

aplicados, figuradamente, aos pensamentos ou opiniões da mente, para <strong>de</strong>notar que são inconstantes<br />

e incertos, como em 1 Reis 18.21, ou a pessoas distraídas em suas próprias cogitações.<br />

Poole observa, em harmonia com a interpretação <strong>de</strong> Calvino, que pensamentos, ou opiniões, ou<br />

tramas <strong>de</strong> homens que diferem <strong>de</strong> ou se opõem à lei <strong>de</strong> Deus po<strong>de</strong>m estar em foco, visto que, na<br />

próxima sentença, a lei <strong>de</strong> Deus é oposta a eles e que alguns expositores, ju<strong>de</strong>us e cristãos, enten<strong>de</strong>m<br />

assim a palavra hebraica.

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