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Comentário de Salmos - Vol 4

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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204 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

ele estava falando com Deus, não há nada estranho em fazer menção<br />

só da primeira, sob a qual inclui também a segunda. “Senhor, sustenta<br />

meu coração com fé, para que não seja eu esmagado pelas tentações,<br />

mas conce<strong>de</strong>-me também a liberda<strong>de</strong> da expressão vocal, para que eu<br />

faça soar <strong>de</strong>stemidamente teus louvores entre os homens.” Observemos<br />

que, ao rogar que fosse revestido <strong>de</strong> ousadia no falar, ele começa<br />

com o coração.<br />

Aqui, também po<strong>de</strong> se perguntar por que ele diz por muito tempo,<br />

como se não temesse ser privado da palavra da verda<strong>de</strong> por pouco<br />

tempo? Tal suposição é extremamente absurda, já que <strong>de</strong>vemos vigiar<br />

a todo instante, para não sermos assaltados pelo inimigo, quando nos<br />

sentimos <strong>de</strong>sarmados e impotentes. A solução <strong>de</strong>sta dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve<br />

ser extraída <strong>de</strong> nossa própria experiência. Pois, na enfermida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

nossa carne, é quase impossível isso não acontecer, uma vez que, ocasionalmente,<br />

até o coração mais robusto <strong>de</strong>sfalecerá sob os violentos<br />

ataques <strong>de</strong> Satanás. Embora a fé dos corações robustos não <strong>de</strong>sfaleça,<br />

ela estremece e não encontra aquela presença <strong>de</strong> espírito com a qual<br />

po<strong>de</strong>m constantemente ter um fluxo invariável <strong>de</strong> linguagem e uma<br />

resposta imediata aos escárnios dos ímpios. Antes, começam a cambalear<br />

e a tremer por pouco tempo.<br />

Cônscio <strong>de</strong> sua fraqueza, que é perceptível em todo o gênero humano,<br />

o salmista acomoda sua oração à seguinte forma: “Ainda que<br />

nem sempre eu esteja preparado com aquela ousadia <strong>de</strong> linguagem<br />

que é tão <strong>de</strong>sejável, não consigo manter silêncio por mais tempo”.<br />

Com esta linguagem, o profeta admite tacitamente que não fora tão firme<br />

e ousado como se esperava e que fora, por assim dizer, dominado<br />

pela mu<strong>de</strong>z por causa do temor. Disso po<strong>de</strong>mos apren<strong>de</strong>r que a faculda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> falar espontaneamente não está em nosso po<strong>de</strong>r, assim como<br />

não o estão as afeições do coração. Quando Deus dirige nossa língua,<br />

ela está preparada para a expressão imediata. Todavia, logo Ele subtrai<br />

o espírito <strong>de</strong> magnanimida<strong>de</strong>, nosso coração <strong>de</strong>sfalece (ou falha) e<br />

nossa língua fica muda. A causa disso é acrescentado nestas palavras:<br />

porque espero por teus juízos é assim que ele se expressa literalmente.

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