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Comentário de Salmos - Vol 4

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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464 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

per<strong>de</strong>ssem totalmente a sua fé e a confiança em sua religião. Levando<br />

em conta o quanto nos inclinamos, quando misturados com os perversos<br />

e ímpios, a abraçar a superstição ou as práticas nocivas, ele temia<br />

que pu<strong>de</strong>ssem corromper-se em meio à população da Babilônia. Além<br />

disso, o povo do Senhor podia se lançar em <strong>de</strong>sespero, por causa do<br />

seu cativeiro, da cruel escravidão a que estavam submetidos e <strong>de</strong> outras<br />

indignida<strong>de</strong>s que tinham <strong>de</strong> suportar.<br />

O escritor <strong>de</strong>ste Salmo, cujo nome é ignorado, elaborou uma forma<br />

<strong>de</strong> lamentação para que, ao expressarem seus sofrimentos com<br />

suspiros e orações, pu<strong>de</strong>ssem manter viva a esperança daquele livramento<br />

do qual haviam <strong>de</strong>sesperado. Ele tinha outro objetivo em vista,<br />

ou seja, adverti-los contra o <strong>de</strong>clínio da pieda<strong>de</strong> em uma terra ímpia<br />

e irreligiosa e contra a contaminação das corrupções dos pagãos.<br />

De acordo com isso, ele anuncia o merecido juízo sobre os filhos <strong>de</strong><br />

Edom e <strong>de</strong>clara que Babilônia, cuja prosperida<strong>de</strong> estava <strong>de</strong>stinada a<br />

uma curta existência e que, ao mesmo tempo, eclipsara o resto do<br />

mundo, era um objeto <strong>de</strong> compaixão e estava próximo à <strong>de</strong>struição.<br />

A extensão <strong>de</strong> tempo durante o qual persistiu o cativeiro po<strong>de</strong>, por si<br />

mesmo, convence-nos <strong>de</strong> como era útil e necessário sustentar a mente<br />

<strong>de</strong>sfalecida do povo <strong>de</strong> Deus. Eles teriam se mostrado dispostos a ce<strong>de</strong>r<br />

a práticas corruptas dos pagãos, se não tivessem sido dotados <strong>de</strong><br />

surpreen<strong>de</strong>nte fortaleza mental, por um período <strong>de</strong> setenta anos.<br />

Quando lemos que se assentavam, isso <strong>de</strong>nota um período contínuo<br />

<strong>de</strong> cativeiro e nos diz que eles estavam não somente privados da<br />

visão <strong>de</strong> seu país natal, mas também, <strong>de</strong> certo modo, estavam mortos e<br />

sepultados. 2 O advérbio <strong>de</strong> lugar שם (sham), ali, é enfático, colocando o<br />

2 Também po<strong>de</strong> ser observado que o assentar-se no chão é uma postura que indica pranto e<br />

angústia profunda. Assim, lemos em Isaías 3.26, que prediz a respeito do cativeiro dos ju<strong>de</strong>us em<br />

Babilônia: “E Sião [Judéia], <strong>de</strong>solada, se assentará em terra”. E o profeta Jeremias, ao retratar a<br />

dor que afligia seus compatriotas piedosos por causa da <strong>de</strong>solação <strong>de</strong> seu país, disse: “Sentados<br />

em terra se acham, silenciosos, os anciãos da filha <strong>de</strong> Sião; lançam pó no ar sobre a cabeça, cingidos<br />

<strong>de</strong> cilício; as virgens <strong>de</strong> Jerusalém abaixam a cabeça até ao chão” [Lm 2.10]. “Encontramos<br />

a Judéia”, disse Mr. Addison, “em várias moedas <strong>de</strong> Vespasiano e Tito, numa postura que <strong>de</strong>nota<br />

tristeza e cativeiro. Não preciso mencionar o assentar-se ela ao chão, porque já falamos da aptidão<br />

<strong>de</strong> tal postura em representar uma aflição extrema. Imagino os romanos a retratar os costumes da

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