31.10.2013 Views

Comentário de Salmos - Vol 4

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

322 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

cedimento. No entanto, ele parece expressar mais que isto – parece<br />

sugerir que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> haverem os inimigos <strong>de</strong>rramado todo o veneno<br />

<strong>de</strong> suas calúnias, as suas tentativas foram vãs e ineficazes. Visto<br />

que Deus é o mantenedor da inocência <strong>de</strong> seus servos, Davi, inspirado<br />

com esperança proveniente <strong>de</strong>sta verda<strong>de</strong>, se ergue novamente com<br />

coragem heróica, como que para triunfar sobre toda a multidão <strong>de</strong><br />

seus caluniadores, 10 reprovando-os por fazerem nada mais do que trair<br />

uma impotente paixão pela maledicência, que Deus fará recair extensivamente<br />

sobre a cabeça <strong>de</strong>les. Uma consi<strong>de</strong>ração bem apropriada<br />

para amenizar a tristeza <strong>de</strong> todos os piedosos, quando o bom nome<br />

<strong>de</strong>les é maculado injustamente pelos caluniadores, é a <strong>de</strong> que esses<br />

caluniadores nada lucrarão no final <strong>de</strong> tudo, porque Deus frustrará a<br />

expectativa <strong>de</strong>les.<br />

4. As flechas afiadas <strong>de</strong> um homem forte, com brasas <strong>de</strong> zimbro.<br />

Aqui, o salmista amplia <strong>de</strong> outra maneira a malícia dos que angustiam<br />

os simples e inocentes com suas calúnias. Ele afirma que tais<br />

angustiadores lançam suas notícias injuriosas como o faz aquele que<br />

arremete uma flecha e com ela traspassa o corpo <strong>de</strong> seu próximo. Diz<br />

também que as calúnias <strong>de</strong>sses ímpios se assemelhavam a brasas <strong>de</strong><br />

zimbro, 11 que penetram com mais eficácia e queimam com mais inten-<br />

10 “Comme s’il avoit <strong>de</strong>sia le triomphe contre toute la ban<strong>de</strong> <strong>de</strong> ses ennemis” — fr. “Como se<br />

ele já tivesse triunfado sobre todas as hostes <strong>de</strong> seus inimigos.”<br />

11 A palavra hebraica רתם (rothem), traduzida aqui por “zimbro”, ocorre também em 1 Reis<br />

19.4-5 e Jó 30.4, sendo em ambos os lugares traduzida, em nosso idioma, por “zimbro”. Parece<br />

que esse arbusto era notável pela intensa chama com que se queimava e pelo extenso tempo<br />

durante o qual suas brasas retinham seu calor. Entretanto, vários críticos pensam que o rothem<br />

hebraico significa a genista ou a vassoura espanhola. Em apoio <strong>de</strong>sta opinião, diz-se que a genista<br />

é muito usada pelos árabes como combustível, entre os quais o salmista se <strong>de</strong>screve como que<br />

vivendo naquela ocasião; e que, como afirma Geierus, “ela faísca, queima e crepita com mais<br />

veemência do que qualquer outra ma<strong>de</strong>ira” (veja-se Parkhurst, sobre ‏.(רתם É bastante difícil resolver<br />

esta questão. Como mais <strong>de</strong> trinta árvores diferentes são mencionadas na Bíblia e somos<br />

pouco familiarizados com a história natural <strong>de</strong>stes países remotos, não <strong>de</strong>vemos ficar surpresos,<br />

se acharmos ser impossível i<strong>de</strong>ntificar todas essas árvores. Po<strong>de</strong>-se observar que Calvino, em sua<br />

tradução, salienta essa bela gradação <strong>de</strong> sentido, terminando em um ponto <strong>de</strong> severida<strong>de</strong>, para<br />

o qual o texto hebraico é extraordinário, mas que não transparece em nossa versão. As palavras<br />

caluniosas são primeiramente comparadas a “flechas”; em segundo lugar, “flechas disparadas do<br />

arco <strong>de</strong> um homem forte” (e, em proporção à força <strong>de</strong> um homem, será a força com que sua arma<br />

atira); em seguida, a “flechas afiadas”; e, finalmente, a “brasas <strong>de</strong> zimbro”, ou alguma ma<strong>de</strong>ira

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!