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A experiência <strong>de</strong> Daniel e <strong>de</strong> seus colegas, igualmente evi<strong>de</strong>ncia o tratamento acordado aos<br />
cativos proce<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Judá. Dos primeiros cativos tomados <strong>no</strong> 605 a.C., os jovens foram<br />
selecionados entre a <strong>no</strong>breza e a família real <strong>de</strong> Judá, para a educação e o treinamento da corte<br />
da Babilônia (Dn 1.1-7). Mediante a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interpretar o sonho <strong>de</strong> Nabucodo<strong>no</strong>sor,<br />
Daniel chegou à posição <strong>de</strong> chefe entre os homens sábios da Babilônia.<br />
A seu pedido, seus três amigos foram também ascendidos a importantes posições na província<br />
da Babilônia. Ao longo <strong>de</strong> todo o reinado <strong>de</strong> Nabucodo<strong>no</strong>sor, Daniel e seus amigos ganharam mais<br />
que mais prestígio através das crises registradas <strong>no</strong> livro <strong>de</strong> Daniel. É razoável presumir que outros<br />
cativos, do mesmo modo, foram premiados e lhes confiaram postos <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> na corte<br />
da Babilônia. Daniel foi <strong>no</strong>meado segundo <strong>no</strong> mando, durante a co-regência <strong>de</strong> Belsazar e<br />
Nabônido 364 . Após a queda da Babilônia, <strong>no</strong> 539 a.C., Daniel continuou com seu distinguido<br />
serviço <strong>de</strong> gover<strong>no</strong> sob o mando <strong>de</strong> Dario, o medo, e <strong>de</strong> Ciro, o persa.<br />
O tratamento que lhes foi dado a Joaquim e a seus filhos fala igualmente do cuidado benfeitor<br />
previsto para alguns ju<strong>de</strong>us cativos 365 . Joaquim teve seus próprios criados com a<strong>de</strong>quadas<br />
provisões subministradas para toda sua família, inclusive enquanto não foi oficialmente colocado<br />
em liberda<strong>de</strong> da prisão até o 562, na morte <strong>de</strong> Nabucodo<strong>no</strong>sor (2 Rs 25.27-30).<br />
A lista <strong>de</strong> outros homens <strong>de</strong> Judá nessas tábuas indica que o bom tratamento e o<br />
outorgamento <strong>de</strong> tais provisões não ficaram limitados aos membros da família real.<br />
A sorte <strong>de</strong> Ester na corte persa <strong>de</strong> Xerxes I tipifica o tratamento acordado aos ju<strong>de</strong>us por seus<br />
<strong>no</strong>vos senhores. Neemias foi outro que serviu na corte real. Mediante seu contato pessoal com<br />
Artaxerxes teve a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aumentar o bem-estar daqueles que haviam regressado a<br />
reconstruir Jerusalém.<br />
Whitley, com justificação, duvida das <strong>de</strong>scrições <strong>de</strong> alguns escritores, que mencionam os<br />
ju<strong>de</strong>us cativos na Babilônia como sujeitos ao sofrimento e a opressão 366 . Ewald baseou suas<br />
conclusões tomando como base pedaços selecionados <strong>de</strong> Isaias, Is Salmos e as Lamentações,<br />
afirmando que as condições se fizeram gradualmente piores para os ju<strong>de</strong>us cativos 367 . A evidência<br />
histórica parece não ter sustento para a idéia <strong>de</strong> que os ju<strong>de</strong>us cativos fossem maltratados<br />
fisicamente, ou suprimidos em suas ativida<strong>de</strong>s cívicas ou religiosas, durante a época da<br />
supremacia babilônica 368 . A limitada evidência que se extrai das fontes bíblicas ou arqueológicas,<br />
apóiam a afirmação <strong>de</strong> George Adam Smith <strong>de</strong> que a condição dos ju<strong>de</strong>us foi ho<strong>no</strong>rável e sem<br />
excessivos sofrimentos 369 . Os exilados <strong>de</strong> Jerusalém, que foram cientes das razões para seu<br />
cativeiro, <strong>de</strong>vem ter experimentado um profundo sentido da humilhação e <strong>de</strong> angústia <strong>de</strong><br />
espírito.<br />
Durante quarenta a<strong>no</strong>s, Jeremias tinha advertido fielmente aos seus concidadãos do juízo<br />
pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Deus: Jerusalém seria <strong>de</strong>vastada <strong>de</strong> forma tal que qualquer transeunte se<br />
horrorizaria <strong>de</strong> sua vista (Jr 19.8). A <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> seus adversários, eles haviam confiado que Deus<br />
não permitiria que seu templo fosse <strong>de</strong>struído. Como custódios da lei, aquele povo não acreditou<br />
nunca que teriam <strong>de</strong> ir ao cativeiro. Então, em comparação com a glória <strong>de</strong> Salomão e sua fama e<br />
glória internacional, do gran<strong>de</strong> rei <strong>de</strong> Jerusalém, e ante suas ruínas, muitos liberaram sua<br />
vergonha e sua tristeza. O livro das Lamentações <strong>de</strong>plora vividamente o fato <strong>de</strong> que Jerusalém<br />
tivesse acabado como um espetáculo internacional. Daniel reconheceu em sua oração que seu<br />
povo se tinha convertido numa repreensão e num objeto <strong>de</strong> zombaria entre as nações (Dn 9.16).<br />
Tal sofrimento foi mais pesado para os cativos, aos que importava o futuro <strong>de</strong> Israel, que qualquer<br />
sofrimento físico que tivessem <strong>de</strong> suportar na terra do exílio.<br />
364 Dougherly, Nabonidus and Belshazzar, pp. 105-200.<br />
365 Pritchard, op. cit., p. 308.<br />
366 Whitley, op. cit., p. 79.<br />
367 Ewald, History of Ihe Jews, Vol. 5, p. 7.<br />
368 Whitlwy duvida que a evidência apresentada por J. M. Wilkie em seu artigo "Nabodinus and the Later Jewish Exiles",<br />
<strong>no</strong> "Journal of Theological Studies", abril, 1951, pp. 33-34, justifique o caso <strong>de</strong> uma perseguição religiosa sob Nabônido.<br />
369 G. A. Smith, Book Isaiahoí XL-LXVl (<strong>no</strong>va edic., 1927), p. 59.<br />
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