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Daniel interpreta o sonho da seguinte forma: a árvore representa a Nabucodo<strong>no</strong>sor como rei<br />
do gran<strong>de</strong> império da Babilônia —ao ser cortada a árvore em pedaços, assim Nabucodo<strong>no</strong>sor será<br />
rebaixado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua posição real a uma bestial existência por sete períodos <strong>de</strong> tempo, até que<br />
comprove que ele não é supremo. Daniel informa ao rei que o <strong>de</strong>creto provém do Altíssimo e o<br />
adverte para endireitar seus passos pelo caminho reto, para que seu reinado possa ser<br />
prolongado.<br />
Parece que Nabucodo<strong>no</strong>sor ig<strong>no</strong>ra este aviso. Sob sua supervisão, a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Babilônia se<br />
converteu na mais extraordinária capital dos tempos <strong>antigo</strong>s. Muralhas maciças com canais<br />
ro<strong>de</strong>avam a cida<strong>de</strong> em cujo interior se conservavam os templos <strong>de</strong> Merodaque e Ishtar. Na<br />
famosa porta <strong>de</strong> Ishtar, leões e dragões <strong>de</strong> metais resplan<strong>de</strong>centes marcavam o impressionante<br />
começo da rua da procissão que conduzia ao palácio real. Para sua rainha meda, Nabucodo<strong>no</strong>sor<br />
construiu os jardins pen<strong>de</strong>ntes que os gregos consi<strong>de</strong>raram como uma das sete maravilhas do<br />
mundo. Vangloriando-se <strong>de</strong> todas aquelas realizações, Nabucodo<strong>no</strong>sor é subitamente atacado <strong>de</strong><br />
licantropia 543 , em juízo divi<strong>no</strong> 544 , privado <strong>de</strong> seu rei<strong>no</strong> e relegado à vida das bestas do campo por<br />
um período <strong>de</strong>signado como <strong>de</strong> "sete tempos". Quando a razão volta a ele, é reintegrado a seu<br />
tro<strong>no</strong>. Numa proclama oficial, ele reconhece que o Altíssimo é onipotente entre todo o exército<br />
dos céus, assim como entre os habitantes da terra, e em louvor e oração confessa também que o<br />
Rei dos céus é justo e reto em todos seus caminhos e capaz <strong>de</strong> abater o orgulhoso.<br />
A era Nabônido – Belsazar<br />
A<strong>no</strong>s da história da Babilônia passam em silêncio <strong>no</strong> que diz respeito ao livro <strong>de</strong> Daniel.<br />
O magnífico reinado <strong>de</strong> quarenta e três a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> Nabucodo<strong>no</strong>sor termi<strong>no</strong>u com sua morte <strong>no</strong><br />
562 a.C. Após dois a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> gover<strong>no</strong> <strong>de</strong> Awel-Merodaque, e quatro <strong>de</strong> Neriglisar, o império da<br />
Babilônia chega a seu fim sob Nabônido (556-539 a.C.). Belsazar, um filho <strong>de</strong> Nabônido, cuja<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> como co-regente e administrador do reinado babilônico está estabelecida além <strong>de</strong><br />
toda discussão, se menciona em três capítulos <strong>de</strong> Daniel 545 . Os acontecimentos do capítulo 5<br />
estão especificamente relacionados com os ias finais <strong>de</strong> Belsazar, quando a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Babilônia é<br />
ocupada pelo exército medo-persa (outubro <strong>de</strong> 539 a.C.). A data exata dos capítulos 7 e 8<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do a<strong>no</strong> em que Daniel datasse o começo do reinado <strong>de</strong> Belsazar, já que ele foi co-regente<br />
com Nabônido. As tabuinhas do contrato estão datadas <strong>no</strong> rei<strong>no</strong> <strong>de</strong> Nabônido. De acordo com os<br />
registros babilônicos, Belsazar está associado como co-regente <strong>de</strong> seu pai a princípios do 553 a.C.<br />
546 Em conseqüência, as datas dos capítulos 7 e 8 <strong>no</strong> primeiro e terceiro a<strong>no</strong> do rei<strong>no</strong> <strong>de</strong> Belsazar<br />
<strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>signadas ao período <strong>de</strong> 553-539 a. C.<br />
Os acontecimentos históricos contemporâneos ocorridos durante o tempo <strong>de</strong> Belsazar e<br />
Nabônido têm importância como fundo para as visões registradas <strong>no</strong>s capítulos 7 e 8.<br />
Já tinha se passado mais <strong>de</strong> meio século <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que Daniel claramente i<strong>de</strong>ntificou a<br />
Nabucodo<strong>no</strong>sor como a cabeça <strong>de</strong> ouro, após cujo reinado surgiria um rei<strong>no</strong> me<strong>no</strong>r (2).<br />
Seguramente Daniel estava completamente ciente do surgir <strong>de</strong> Ciro, quem após subir ao tro<strong>no</strong> da<br />
Pérsia e Ansham <strong>no</strong> 559 a.C., tinha ganhado o controle sobre Média (550 a.C.), que por sua vez<br />
transtor<strong>no</strong>u o equilíbrio do po<strong>de</strong>r até o ponto <strong>de</strong> pôr em perigo a Babilônia. por volta do 547 a.C.,<br />
Ciro tinha marchado com seus exércitos para o <strong>no</strong>roeste, <strong>de</strong>rrotando <strong>de</strong>cisivamente a Creso da<br />
Lídia. A causa <strong>de</strong> sua experiência política, Daniel <strong>de</strong>ve ter compreendido bem a subida ao po<strong>de</strong>r da<br />
Pérsia, enquanto o rei<strong>no</strong> <strong>de</strong> Babilônia se <strong>de</strong>sintegrava sob os sucessores <strong>de</strong> Nabucodo<strong>no</strong>sor.<br />
Por aquela época, Daniel teve duas visões em três a<strong>no</strong>s, na primeira visão (7), viu quatro<br />
gran<strong>de</strong>s bestas surgir do mar movido pelos quatro ventos do céu. Um leão com asas <strong>de</strong> águia, que<br />
543 Doença ou mania na qual o enfermo se figura estar convertido em lobo (N. da T., Fonte: Enciclopédia Encarta <strong>de</strong> Microsoft).<br />
544 Para conhecimento e precisão histórica, ver Pfeiffer, op. cit., p. 758.<br />
545 Ver H. H. Rowley. The Servant of the Lord and Other Essays on the Old Testament (Londres I952). Note-se também o<br />
artigo <strong>de</strong> Rowley "The Historicity of the Chapter of Daniel", en Journal of Theological Studies, XXXII (1930-31), 12-31.<br />
546 J. Finegan, Light from the Ancient Past, pp. 189-190.<br />
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