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<strong>no</strong>s corações dos filisteus mercenários, produzindo a confusão e colocando-os em fuga.<br />
Evi<strong>de</strong>ntemente, o efeito dos trovoes adquiriu um caráter portentoso em seu significado para os<br />
filisteus, já que nunca mais tentaram comprometer os <strong>israel</strong>itas numa batalha enquanto Samuel<br />
esteve ao mando das tribos.<br />
Eventualmente, os chefes tribais sentiram que <strong>de</strong>viam formar uma resistência contra a<br />
agressão filistéia e, <strong>de</strong> acordo com isso, clamaram por um rei. Como escusa para o<br />
estabelecimento da monarquia, ressaltaram que somente já era ancião e que seus filhos não<br />
estavam moralmente dotados para assumirem seu lugar. Samuel, astutamente, rejeitou a<br />
proposta, implorando-lhes eloqüentemente o "não impor sobre si mesmo uma instituição<br />
cananéia, estranha a sua forma <strong>de</strong> vida" 137 . Quando, a <strong>de</strong>speito daquilo, persistiram em sua<br />
<strong>de</strong>manda, Samuel aceitou; porém só após a divina intervenção (1 Sm 8).<br />
Quando Samuel consentiu com certa repugnância à i<strong>no</strong>vação do reinado, não tinha idéia <strong>de</strong> a<br />
quem Deus po<strong>de</strong>ria escolher. Um dia, enquanto estava oficiando num sacrifício, foi encontrado<br />
por um benjamita que chegou para consultá-lo <strong>de</strong> algo concernente à localização <strong>de</strong> uns as<strong>no</strong>s<br />
perdidos <strong>de</strong> seu pai. Advertido <strong>de</strong> sua chegada, Samuel advertiu que Saul era o escolhido <strong>de</strong> Deus<br />
para ser o primeiro rei <strong>de</strong> Israel. Não só Samuel aten<strong>de</strong>u a Saul como hóspe<strong>de</strong> <strong>de</strong> honra na festa<br />
sacrificial, mas privadamente o ungiu como "príncipe sobre seu povo", indicando mediante<br />
aquelas palavras que o reinado era uma questão sagrada <strong>de</strong> fé. Enquanto voltava a Gabaá, Saul foi<br />
testemunha do cumprimento da predição feita por Samuel em suas palavras em confirmação <strong>de</strong><br />
ser escolhido para aquela responsabilida<strong>de</strong>. Numa subseqüente convocação em Mispá, Saul<br />
publicamente foi escolhido e entusiasticamente apoiado pela maioria em sua aclamação popular<br />
<strong>de</strong> "Viva o rei!" (1 Sm 10.17-24). Devido a que Israel não tinha cida<strong>de</strong> capital, voltou a sua cida<strong>de</strong><br />
nativa <strong>de</strong> Gabaá, em Benjamim.<br />
A ameaça amonita a Jabes-Gilea<strong>de</strong> proporcio<strong>no</strong>u a Saul a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> afirmar sua chefia<br />
138 . Em resposta a seu chamamento nacional, o povo acudiu em seu apoio, resultando uma<br />
impressionante vitória sobre os amonitas. Numa assembléia <strong>de</strong> todo Israel em Gilgal, Samuel<br />
publicamente proclama a Saul como rei. Os lembrou que Deus tinha aprovado seu <strong>de</strong>sejo. Sobre a<br />
base da história <strong>de</strong> Israel, lhes assegurou a prosperida<strong>de</strong> nacional, sob a condição <strong>de</strong> que o rei e<br />
todos os cidadãos <strong>de</strong>viam obe<strong>de</strong>cer a lei <strong>de</strong> Moisés. Esta mensagem <strong>de</strong> Samuel foi divinamente<br />
confirmada aos <strong>israel</strong>itas com uma súbita chuva, um fenôme<strong>no</strong> acontecido durante a colheita do<br />
trigo 139 . O povo ficou profundamente impressionado e agra<strong>de</strong>ceu a Samuel por aquela<br />
continuada intercessão. Embora os <strong>israel</strong>itas tinham voltado a um rei para seu gover<strong>no</strong>, as<br />
palavras <strong>de</strong> segurida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Samuel, o profeta que tinha varrido a maré da apostasia e iniciado um<br />
efetivo movimento profético em seu ensi<strong>no</strong> e ministério, <strong>de</strong>ixou-os conscientes <strong>de</strong> seu sincero<br />
interesse por seu bem-estar: "Longe <strong>de</strong> mim que peque eu contra o Senhor cessando <strong>de</strong> rogar por<br />
vós outros" (1 Sm 12.23).<br />
O primeiro rei <strong>de</strong> Israel<br />
Saul gozou do entusiástico apoio <strong>de</strong> seu povo, após uma inicial vitória sobre os amonitas em<br />
Jabes-Gilea<strong>de</strong>. É verda<strong>de</strong> que nem todos consi<strong>de</strong>raram seu acesso ao reinado com a mesma<br />
satisfação, porém aqueles contrários não pu<strong>de</strong>ram suportar sua extraordinária popularida<strong>de</strong> (1<br />
Sm 10.27; 11.12-13). E assim, mediante uma <strong>de</strong>liberada <strong>de</strong>sobediência, Saul logo estragou suas<br />
oportunida<strong>de</strong>s para obter o êxito <strong>de</strong>sejado. A causa das suspeitas ocasionadas pelo ódio, seus<br />
esforços estiveram tão mal dirigidos e a força nacional se <strong>de</strong>sagregou <strong>de</strong> forma tal que seu<br />
reinado acabou num completo fracasso.<br />
137 Men<strong>de</strong>lsohn, "Samuel's Denunciation of Kingship in the Light of the Akkadian Documents from Ugarit", Basor, 143<br />
(outubro, 1956), p. 22.<br />
138 A brutal humilhação <strong>de</strong> ter um olho perdido como castigo tinha sido testemunhada em Ugarite como uma maldição.<br />
Ver GomSou, "The World of the Old Testament" (Gar<strong>de</strong>n City, N. J.; Doubleday, 1958), p.158.<br />
139 Normalmente a Palestina carecia <strong>de</strong> chuva <strong>de</strong>s<strong>de</strong> abril até outubro. Receber uma copiosa chuvarada durante a colheita<br />
do trigo, entre o 1º <strong>de</strong> maio e o 15 <strong>de</strong> junho, foi consi<strong>de</strong>rado como um milagre.<br />
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