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• CAPÍTULO 17: INTERPRETAÇÃO DA VIDA<br />
Cinco unida<strong>de</strong>s literárias conhecidas como os livros poéticos são: Jó, Salmos, Provérbios,<br />
Eclesiastes e o Cântico dos Cânticos. Nenhum <strong>de</strong>les po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>vidamente classificado como livros<br />
<strong>de</strong> caráter histórico ou profético. Como parte do câ<strong>no</strong>n do Antigo Testamento, proporcionam<br />
uma adicional perspectiva da vida dos <strong>israel</strong>itas 412 .<br />
Os livros poéticos não po<strong>de</strong>m ser datados com certeza. As alusões a únicas datas históricas<br />
estão tão limitadas nesta literatura, que o tempo <strong>de</strong> composição é relativamente insignificante.<br />
Tampouco tem primordial importância o autor. Reis, profetas, filósofos, poetas, o povo comum,<br />
todos estão representados entre os que contribuíram a sua confecção, muitos dos quais são<br />
anônimos.<br />
Nesta literatura estão refletidos os problemas, as experiências, as crenças, a filosofia e a<br />
atitu<strong>de</strong> dos <strong>israel</strong>itas. Tão ampla varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> interesses é expressa como um chamamento<br />
universal. O uso freqüente pelo povo comum por todo o mundo da volumosa literatura escrita<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Antigo Testamento e seus tempos, indica que os livros poéticos tratam com problemas e<br />
verda<strong>de</strong>s familiares a todo o gênero huma<strong>no</strong>. Contudo, as diferentes em tempo, cultura e<br />
civilização, as idéias básicas expressadas pelos escritores <strong>israel</strong>itas em sua interpretação da vida,<br />
são ainda vitalmente importantes para o homem em todas partes.<br />
Jó – O problema do sofrimento<br />
O sofrimento huma<strong>no</strong> é o gran<strong>de</strong> problema, <strong>antigo</strong> como o tempo, discutido <strong>no</strong> livro <strong>de</strong> Jó.<br />
Esta questão tem continuado sendo um dos problemas insolúveis do homem. O livro <strong>de</strong> Jó<br />
tampouco proporciona uma solução final à questão. Contudo, verda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> significação<br />
estão projetadas nesta extensa discussão.<br />
Consi<strong>de</strong>rado como uma unida<strong>de</strong>, o livro <strong>de</strong> Jó é em sua presente forma, o que po<strong>de</strong>ria<br />
classificar-se como um drama épico. Embora a maior parte da composição seja poética, sua<br />
estrutura geral é em prosa. Nesta última forma, a narrativa proporciona base para sua total<br />
discussão.<br />
Nem a data <strong>de</strong> seu fundo histórico, nem o tempo <strong>de</strong> sua composição, po<strong>de</strong>m ser localizados<br />
neste livro com certeza, e o autor é anônimo.<br />
O livro <strong>de</strong> Jó tem sido reconhecido como uma das produções poéticas <strong>de</strong> todos os tempos.<br />
Entre os escritores hebraicos, o autor <strong>de</strong>ste livro utiliza o mais extenso vocabulário; às vezes tem<br />
sido consi<strong>de</strong>rado como o Shakespeare dos tempos do Antigo Testamento. Neste livro se exibe um<br />
vasto tesouro <strong>de</strong> conhecimentos, um soberbo estilo <strong>de</strong> vigorosa expressão, profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
pensamento, excelente domínio da linguagem, <strong>no</strong>bres i<strong>de</strong>ais e um elevado nível ético, além <strong>de</strong> um<br />
genuí<strong>no</strong> amor pela natureza. As idéias religiosas e filosóficas têm merecido a consi<strong>de</strong>ração dos<br />
maiores teólogos e filósofos até o presente.<br />
Não só tem uma multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interpretações —<strong>de</strong>masiado numerosas para serem<br />
consi<strong>de</strong>radas neste volume—, senão que o texto em si mesmo tem sofrido consi<strong>de</strong>ravelmente<br />
extensas emendas, conjecturas, fantásticas correções e reconstruções 413 . Numerosas têm sido as<br />
opiniões e as especulações referentes a sua origem.<br />
412 Para discussão da poesia hebraica e literatura da sabedoria, ver R. K. Harrison. "Introduction to Old Testament (Grand<br />
Rapids: Eeidmans, 1969), pp. 965-1.046.<br />
413 E. J. Kissane, The Book of Job (Nueva York, 1946), p. XII, ressalta que a indulgência <strong>de</strong> críticos como H. Torcziner,<br />
Das Buch Hiob (Wien, 1920), que consi<strong>de</strong>ra Jó como meramente uma coleção <strong>de</strong> fragmentos, conduz a uma falsa impressão<br />
do estado do texto hebraico <strong>de</strong> Jó. A poesia do mais alto grau, o extenso vocabulário, a gran<strong>de</strong> proporção harpax<br />
legomena, os sutis e obscuros argumentos e a repetição das mesmas opiniões em palavras diferentes, tudo isso conduz a<br />
erros <strong>de</strong> transcrição e tradição, supondo que os escribas não compreendiam completamente a linguagem.<br />
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