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a historia de israel no antigo testamento

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Imediatamente, Ciro anunciou uma política que era o reverso exato da prática brutal <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>slocar os povos conquistados. Começando por Tiglate-Pileser III (745), os reis assírios tinham<br />

aterrorizado as nações subjugadas, trasladando as gentes a terras distantes. Portanto, os<br />

babilônicos tinham seguido o exemplo assírio. Ciro, por outra parte, proclamou publicamente que<br />

o povo trasladado podia voltar ao seu lar pátrio e ren<strong>de</strong>r culto a seus <strong>de</strong>uses em seus próprios<br />

santuários 371 .<br />

Existem cópias da proclama <strong>de</strong> Ciro para os ju<strong>de</strong>us, que estão preservadas <strong>no</strong> livro <strong>de</strong> Esdras. O<br />

primeiro relato (1.2-4) está em hebraico, enquanto que o segundo (6.3-5), está redigido em<br />

aramaico. Um estudo recente revela que o último representa um "dikrona", um termo oficial<br />

aramaico que <strong>de</strong><strong>no</strong>ta um <strong>de</strong>creto real oral dado por um governante 372 . Isto não se fazia com a<br />

intenção <strong>de</strong> ser publicado, senão que servia como um memorando para que o oficial apropriado<br />

iniciasse uma ação legal. Esdras 6.2 indica que a cópia aramaica estava guardada <strong>no</strong>s arquivos do<br />

gover<strong>no</strong> em Acmeta, a residência <strong>de</strong> verão <strong>de</strong> Ciro <strong>no</strong> 539 a.C.<br />

O documento hebraico foi <strong>de</strong>stinado aos <strong>israel</strong>itas <strong>no</strong> exílio. Nas comunida<strong>de</strong>s judaicas por<br />

todo o império, foi verbalmente anunciado em idioma hebraico. Adaptando-o a sua religião, o rei<br />

persa afirmou que ele estava comissionado pelo senhor Deus dos céus para construir um templo<br />

em Jerusalém. De acordo com isso, permitiu aos ju<strong>de</strong>us que voltassem ao país <strong>de</strong> Judá. Alentou<br />

àqueles que permaneceram, a fim <strong>de</strong> ajudarem os emigrantes com oferendas <strong>de</strong> ouro, prata,<br />

animais e outros fornecimentos para o restabelecimento do templo <strong>de</strong> Jerusalém. Inclusive Ciro,<br />

assim como tinha rendido reconhecimento a Merodaque quando entrou na Babilônia, naquela<br />

ocasião Quis prestar reconhecimento ao Deus dos ju<strong>de</strong>us.<br />

Embora isto pô<strong>de</strong> ter sido somente uma questão <strong>de</strong> ma<strong>no</strong>bra política <strong>de</strong> sua parte, contudo<br />

cumpriu a predição <strong>de</strong> Isaias <strong>de</strong> que, <strong>de</strong>pois do exílio, Deus utilizaria a Ciro para que os ju<strong>de</strong>us<br />

voltassem a seu lar pátrio (Is 45.1-4).<br />

Em resposta a esta proclama, milhares <strong>de</strong> exilados prepararam o retor<strong>no</strong>. Ciro or<strong>de</strong><strong>no</strong>u a seu<br />

tesoureiro que <strong>de</strong>volvesse aos ju<strong>de</strong>us todo o que Nabucodo<strong>no</strong>sor tinha tomado <strong>de</strong> Jerusalém 373 .<br />

O tesouro, especialmente consistente <strong>no</strong>s vasos sagrados <strong>de</strong> Jerusalém, foi confiado a Sesbazar,<br />

um príncipe <strong>de</strong> Judá, para transportá-lo 374 . Únicos entre todas as nações, os ju<strong>de</strong>us não tinham<br />

nenhuma estatua <strong>de</strong> seu Deus para ser restaurada, embora esta provisão fica incluída <strong>no</strong> <strong>de</strong>creto<br />

<strong>de</strong> Ciro, a tal efeito 375 . A arca da aliança, que era o objeto mais sagrado <strong>de</strong> Israel, entre seus<br />

pertences, <strong>de</strong>ver, sem dúvida, ter-se perdido na <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> Jerusalém. Com a aprovação e o<br />

apoio do rei da Pérsia, os exilados fizeram com êxito o longo e difícil caminho rumo a Jerusalém,<br />

sempre com a idéia <strong>de</strong> reconstruir o templo, que tinha permanecido em ruínas por quase<br />

cinqüenta a<strong>no</strong>s. Embora não se saiba com certeza a data <strong>de</strong>ste retor<strong>no</strong>, <strong>de</strong>ve ter acontecido,<br />

muito verossimilmente, <strong>no</strong> 538 a.C., ou possivelmente <strong>no</strong> a<strong>no</strong> seguinte.<br />

De acordo com o registrado por Esdras, 50.000 exilados aproximadamente retornaram a<br />

Jerusalém 376 . Dos onze chefes mencionados, Zorobabel e Josué aparecem como os mais ativos<br />

em guiar o povo em sua tentativa <strong>de</strong> restaurar a or<strong>de</strong>m, naquelas caóticas condições. O primeiro,<br />

sendo o neto <strong>de</strong> Joaquim, representava a casa <strong>de</strong> Davi na li<strong>de</strong>rança política. O último serviu como<br />

sumo sacerdote oficiando em questões religiosas.<br />

371 Para uma cópia <strong>de</strong>sta proclama geral, ver Pritchard, "Ancient Near Eastern Texts", p. 316.<br />

372 Elias J. Bickarman "The Edict of Cyrus in Ezra I" JBL, LXV (1946), 249-275. Cf. E. Meyer, Enstelnmg <strong>de</strong>s Ju<strong>de</strong>nthums<br />

(Halle: Niemeyer, 18%), pp. 8 e ss.<br />

373 Para uma discussão dos problemas textuais que existem em relação com o número <strong>de</strong> vasos sagrados restaurados (Ed<br />

1.9-11), ver "Commentary", por C. F. Keil como referência.<br />

374 Sesbazar é i<strong>de</strong>ntificado por Wright, en "Bíblical Archaeology", p. 202, como Senazar (1 Cr 3.18), e como um filho <strong>de</strong><br />

Joaquim. Keil, em "Commentary", sobre Esdras 1.8 sugere que Sesbazar é o <strong>no</strong>me cal<strong>de</strong>u <strong>de</strong> Zorobabel. Harper's Bible<br />

Dictionary equipara ambos <strong>no</strong>mes, sugerindo que o primeiro é um criptograma para o segundo. Em Esdras 5.14, é i<strong>de</strong>ntificado<br />

como governador, e em 5.16 é creditado como instalando os cimentos do templo.<br />

375 Note-se a jactância <strong>de</strong> Ciro, <strong>de</strong> que ele restauraria os <strong>de</strong>uses estrangeiros em seus santuários. J. B. Pritchard, op. cit.,<br />

pp. 315-316.<br />

376 Albright, "The Biblical Period", p 62.<br />

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