24.06.2013 Views

O Trágico do Estado Pós-colonial.pdf - Estudo Geral

O Trágico do Estado Pós-colonial.pdf - Estudo Geral

O Trágico do Estado Pós-colonial.pdf - Estudo Geral

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ou seja, para Jamfa, é essencial perceber que a crise em questão se enraíza no terreno <strong>do</strong><br />

<strong>colonial</strong>ismo. No entanto, e como veremos mais à frente, a permanência das fraquezas <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> pós-<strong>colonial</strong> tem outra explicação: o lugar que a África subsariana ocupa no sistema<br />

mun<strong>do</strong>. O centro que lhe impôs no passa<strong>do</strong> o modelo ocidental de Esta<strong>do</strong> continua a<br />

mantê-la na periferia:<br />

En effet, un lien d’échanges dynamiques et fonctionnels existe entre le Nord<br />

(centre) et l’Afrique subsaharienne (périphérie), et ce n’est qu’à partir de l’analyse de<br />

ces rapports que l’on peut avoir une bonne vision des causes fondamentales de la<br />

‘crise’ de l’État post-<strong>colonial</strong>. Toute analyse qui ne prendrait pas en considération<br />

cette relation dynamique entre le centre (industrialisé et institutionnellement fort, et<br />

producteurs de normes, c’est-à-dire ‘maître du jeu’) et la périphérie (sous-<br />

développée, institutionnellement faible, et ‘pion du jeu’ malgré sa relative<br />

autonomie) risque bien de renfermer les ‘crises’ africaines dans les confins du<br />

territoire nègre, et par conséquent, de ne voir dans ces ‘crises’ que la résultante de<br />

quelques erreurs de gouvernance qu’un simple aménagement de l’espace<br />

périphérique suffirait à corriger. (Jamfa, 2005: 20)<br />

O autor examina então diversos fatores (os sistemas escolares coloniais, a<br />

artificialidade das fronteiras, o centralismo administrativo, a imposição de redes<br />

económicas inéditas…) que explicam as razões estruturais da dependência funcional de<br />

uma série de Esta<strong>do</strong>s – Angola, República <strong>do</strong> Congo, República Democrática <strong>do</strong> Congo,<br />

Libéria e Ruanda –, que partilham não só a experiência <strong>colonial</strong> como também o facto de<br />

terem experimenta<strong>do</strong> a sobreposição de duas ou mais culturas políticas. Não vou aqui<br />

examinar em pormenor cada um <strong>do</strong>s fatores, limitan<strong>do</strong>-me a apontar para <strong>do</strong>is exemplos.<br />

Em primeiro lugar, o autor estuda os sistemas escolares em vigor nos países <strong>do</strong><br />

corpus durante o perío<strong>do</strong> <strong>colonial</strong> para inquirir se os novos Esta<strong>do</strong>s tinham uma rede escolar<br />

suficientemente desenvolvida para garantir, por um la<strong>do</strong>, o bom funcionamento <strong>do</strong> modelo<br />

político-administrativo importa<strong>do</strong> (Jamfa, 2005: 30), ou seja, a produção de quadros em<br />

número suficiente, e, por outro la<strong>do</strong>, a dinamização de um sector priva<strong>do</strong> embrionário. Tal<br />

não se verificou em nenhum <strong>do</strong>s países estuda<strong>do</strong>s, pois em to<strong>do</strong>s se notou uma fraca taxa<br />

de escolarização na véspera das independências. Tanto em Angola como no Congo Belga,<br />

as autoridades investiram pouco na formação <strong>do</strong>s indivíduos e quan<strong>do</strong> o faziam era com o<br />

propósito de formar técnicos na aérea da agricultura ou da saúde. É certo que no decorrer<br />

<strong>do</strong> século XX houve algumas mudanças: desenvolvimento de um ensino secundário e<br />

119

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!