24.06.2013 Views

O Trágico do Estado Pós-colonial.pdf - Estudo Geral

O Trágico do Estado Pós-colonial.pdf - Estudo Geral

O Trágico do Estado Pós-colonial.pdf - Estudo Geral

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Le rôle de l’écrivain, du même coup, ne se sépare pas de devoirs difficiles. Par<br />

définition, il ne peut se mettre aujourd’hui au service de ceux qui font l’histoire: il<br />

est au service de ceux qui la subissent. (Camus, 1958: 14)<br />

Numa conferência que apresenta alguns dias após a entrega <strong>do</strong> prémio, Camus<br />

acrescenta que, por causa da irrupção das massas sofre<strong>do</strong>ras na História, o artista não<br />

consegue evitar o empenhamento, ele é como que leva<strong>do</strong> (embarqué) a empenhar-se:<br />

Il ne s’agit pas en effet pour l’artiste d’un engagement volontaire, mais plutôt d’un<br />

service militaire obligatoire. Tout artiste aujourd’hui est embarqué dans la galère de<br />

son temps. (Camus, 1958: 26)<br />

Parece-me que Pepetela, Tansi e Nkashama não puderam “evitar-se” e evitar o<br />

mun<strong>do</strong>, ou seja, situa<strong>do</strong>s em contextos coloniais e pós-coloniais, empenharam-se porque<br />

não lhes era possível atuar de outra maneira. Os seus condena<strong>do</strong>s representa<strong>do</strong>s em<br />

sintaxes trágicas vêm comprovar a realidade <strong>do</strong> seu empenhamento: trata-se daqueles que,<br />

para retomar Camus, foram verga<strong>do</strong>s à História hegemónica e por ela reduzi<strong>do</strong>s a um lugar<br />

marginal.<br />

354

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!