24.06.2013 Views

O Trágico do Estado Pós-colonial.pdf - Estudo Geral

O Trágico do Estado Pós-colonial.pdf - Estudo Geral

O Trágico do Estado Pós-colonial.pdf - Estudo Geral

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

souci de vivre mieux, dans ce ici et maintenant et la réalité de l’échéance impossible<br />

à escamoter. Une incompatibilité entre la prétention et la réalité de fait d’une<br />

condition précaire. Et pourtant un souci constant de tracer, dans ce temps de vie et<br />

dans ce monde, son propre chemin, en y repérant du sens. (Chirpaz, 2010: 8)<br />

A primeira aporia no raciocínio <strong>do</strong> autor surge relativamente à escolha da ou das<br />

palavras incumbidas de dar conta <strong>do</strong> que é trágico, o que remete tanto para a fluidez <strong>do</strong><br />

conceito como para uma certa imprecisão da parte de Chirpaz relativamente ao que<br />

significa o trágico: este surge simultaneamente como qualidade <strong>do</strong> sentimento da vida (a<br />

sua «tonalidade»), lugar de eleição da tensão dialética, ou ainda uma prova.<br />

Dans l’épreuve tragique, quelque chose se passe qui ne parvient pas à trouver les<br />

mots qu’il faudrait pour le dire comme si son intensité rendait d’un seul coup toute<br />

parole impossible. (Chirpaz, 2010: 9)<br />

Do sentimento trágico da vida Chirpaz passa ao trágico como qualifica<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

predica<strong>do</strong>, voltan<strong>do</strong> assim ao uso que o senso comum faz da palavra, o acontecimento<br />

imprevisto que atinge profundamente o ser que sofre por causa dele. Um acontecimento<br />

que se situa aparentemente numa espécie de cruzamento entre vida e linguagem. De facto,<br />

esta parece quase incapaz de traduzir o que acontece naquele momento preciso onde tu<strong>do</strong><br />

se desmorona:<br />

Comment rendre compte de ce qui, alors, se passe dans l’existence terrassée par le<br />

poids soudain du malheur, en un mot, dire la détresse de l’âme qui voit s’effondrer<br />

toute possibilité, ses espoirs, comme ses rêves, en ce soudain surgissement du<br />

chaos? S’efforcer de dire le tragique ne consiste-t-il pas à tenter de <strong>do</strong>nner un nom<br />

à l’innommable, de penser l’impensable, la confrontation de la vie avec la soudaine<br />

pensée de la mort? (Chirpaz, 2010: 10)<br />

É neste inespera<strong>do</strong> («soudain») repeti<strong>do</strong> três vezes que surge a contradição principal<br />

no argumento de Chirpaz. Se, de facto, o trágico pode vir, enquanto sentimento, a<br />

qualificar o que significa viver, a nossa condição de mortal consciente <strong>do</strong> seu fim, como<br />

pode o mesmo trágico se tornar algo inespera<strong>do</strong> para o mesmo ser que acaba de perceber a<br />

consubstancialidade da morte à vida? Talvez justamente pela passagem, consciente ou não,<br />

<strong>do</strong> trágico enquanto categoria filosófica ao trágico entendi<strong>do</strong> no senso comum. O que o<br />

autor acrescenta a seguir parece confirmar esta interpretação.<br />

182

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!