24.06.2013 Views

O Trágico do Estado Pós-colonial.pdf - Estudo Geral

O Trágico do Estado Pós-colonial.pdf - Estudo Geral

O Trágico do Estado Pós-colonial.pdf - Estudo Geral

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Após ter tenta<strong>do</strong> definir a presença <strong>do</strong> trágico – como estrutura, força motora e<br />

condição de algumas personagens – nas obras <strong>do</strong> corpus estuda<strong>do</strong> nesta dissertação, queria<br />

aproveitar esta paragem provisória na investigação para realçar alguns elementos recentes<br />

que corroboram algumas das hipóteses, bem como para delinear algumas das futuras linhas<br />

de pesquisa que entrevi no decorrer deste trabalho.<br />

Em primeiro lugar, algumas reações a certos acontecimentos da atualidade não se<br />

afastam de parte da minha análise ao Esta<strong>do</strong> pós-<strong>colonial</strong>, nomeadamente no que tem a ver<br />

com o papel desempenha<strong>do</strong> por um certo Norte na (re)organização institucional em<br />

Esta<strong>do</strong>s pós-coloniais <strong>do</strong> Sul. As intervenções ocidentais na Líbia e na Costa de Marfim<br />

(2011) têm si<strong>do</strong> alvo de análise crítica por parte de artistas e intelectuais <strong>do</strong> Sul e <strong>do</strong> Norte.<br />

De facto, vários autores apontaram como motivos para a administração <strong>do</strong> Presidente<br />

Sarkozy incentivar e liderar parcialmente ambas as intervenções interesses e raciocínios que<br />

estão presentes no quadro que esbocei no capítulo III. O escritor argelino Rachid Boujedra,<br />

por exemplo, relembran<strong>do</strong> as análises de Aminata Traoré, estabeleceu um paralelismo entre<br />

a situação na Líbia e o <strong>colonial</strong>ismo francês na Argélia:<br />

Rien n’a changé, nous sommes toujours à l’époque de la canonnière, de la<br />

colonisation et de l’impérialisme. L’intervention des Occidentaux discrédite le<br />

soulèvement des Libyens. Une fois encore, ça pue le pétrole! (Boujedra apud<br />

Rousseau, 2011: 4) 285<br />

A análise de Michel Galy, politólogo francês de renome, autor de vários estu<strong>do</strong>s<br />

sobre os conflitos na Costa de Marfim, não difere muito da de Boujedra relativamente às<br />

origens da guerra levada a cabo pelo Esta<strong>do</strong> francês neste país sob a égide das Nações<br />

285 A oferta de ajuda da Ministra francesa <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros ao regime de Ben Ali durante a<br />

revolução que o derrubaria – tinha então fala<strong>do</strong> <strong>do</strong> savoir-faire internacionalmente reconheci<strong>do</strong> da polícia<br />

francesa na manutenção da ordem – relembrou na região outro savoir-faire, o da mesma polícia durante o<br />

perío<strong>do</strong> <strong>colonial</strong>. Eis como o jornalista Mustapha Hammouche comentava a proposta no matutino argelino<br />

Liberté: «Ainsi, la métropole voudrait soutenir l’effort de “pacification” et mater cette nouvelle révolte<br />

d’indigènes en Afrique du Nord! Sans être de ceux qui voient partout la résurgence du fantasme <strong>colonial</strong>, on<br />

ne peut que trouver dans le fait de réduire une crise sociopolitique complexe, même si elle est marquée par<br />

des “casses”, à une situation sécuritaire, l’expression d’une représentation <strong>colonial</strong>iste de l’ordre public.»<br />

«Alliot-Marie veut ‘pacifier’ l’Afrique du Nord». http://www.liberte-algerie.com/edit_archive.php?<br />

id=148984 Consulta<strong>do</strong> a 20 de Janeiro de 2011.<br />

355

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!