24.06.2013 Views

O Trágico do Estado Pós-colonial.pdf - Estudo Geral

O Trágico do Estado Pós-colonial.pdf - Estudo Geral

O Trágico do Estado Pós-colonial.pdf - Estudo Geral

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

verticale, et avec une main de fer, la colonie sous sa juridiction, même s’il recourait aux<br />

chefs de ‘cercles’, de cantons et de villages, entre autres structures intermédiaires» (Mabeko-<br />

Tali, 2005: 87). O mesmo autor acrescenta que o administra<strong>do</strong>r era o centro absoluto <strong>do</strong><br />

poder e que transformava os chefes tradicionais 107 (nomea<strong>do</strong>s, despedi<strong>do</strong>s e até humilha<strong>do</strong>s<br />

em função das necessidades da colónia) em simples engrenagens da máquina <strong>colonial</strong>. No<br />

Congo francês e no Congo belga, o me<strong>do</strong> das represálias por parte das autoridades<br />

coloniais levava os chefes a recorrer à violência com a ajuda de milícias locais: «On se<br />

trouve là, sans nul <strong>do</strong>ute, devant un despotisme local, <strong>do</strong>nt le modèle – comme le souligne<br />

du reste Mamdani – sera repris par les États indépendants» (Mabeko-Tali, 2005: 88).<br />

Os fatores evoca<strong>do</strong>s a seguir por Jamfa (a transformação completa das economias<br />

locais e a especialização <strong>do</strong> continente na agricultura de exportação e na<br />

extração/exportação de matérias-primas 108 ) contribuem para delinear os contornos da<br />

«crise» <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> pós-<strong>colonial</strong> e remetem decisivamente as suas origens para a organização<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>colonial</strong>:<br />

Les structures de l’État <strong>colonial</strong> imprègnent encore largement l’État post-<strong>colonial</strong> et<br />

déterminent son action. A telle enseigne que la situation de la crise actuelle n’est<br />

que le résultat d’un long processus historique de mise en dépendance. (Jamfa, 2005 :<br />

230) 109<br />

Num outro estu<strong>do</strong> de ciência política comparativa, Tshiyembe Mwayila,<br />

investiga<strong>do</strong>r congolês (RDC), autor de várias obras sobre o Esta<strong>do</strong> pós-<strong>colonial</strong> em geral e<br />

a República Democrática <strong>do</strong> Congo em particular, mostrava mais uma vez que,<br />

independentemente <strong>do</strong> contexto (Angola, Burundi, República Democrática <strong>do</strong> Congo,<br />

República <strong>do</strong> Congo, Uganda e Ruanda), grande parte das violências tinham a sua origem<br />

no Esta<strong>do</strong> pós-<strong>colonial</strong> (Mwayila, 2003: 33).<br />

107 Como indicou Mamdani, o adjetivo «tradicional» deve ser utiliza<strong>do</strong> com precaução, já que muitas vezes o<br />

governo «tradicional» resulta de manipulações coloniais. Na colónia, a tradição, inventada ou não, está<br />

submetida, em última análise, aos desiderata <strong>do</strong> poder <strong>colonial</strong>. Como nota Jamfa: «Qu’il ait une existence<br />

pré<strong>colonial</strong>e ou qu’il soit de création <strong>colonial</strong>e, le chef traditionnel n’a de pouvoir que celui que lui confère le<br />

pouvoir <strong>colonial</strong>» (2005: 137).<br />

108 Segun<strong>do</strong> Jamfa, os países estuda<strong>do</strong>s teriam em comum: «l’intégration des entités <strong>colonial</strong>es dans<br />

l’économie-monde en tant que producteurs de matières premières. Ce qui d’office assure leur dépendance visà-vis<br />

du marché international, et les limite dans la définition d’une politique économique stable et fiable, à<br />

cause de la forte vulnérabilité aux fluctuations des cours des produits, et de la détérioration des termes de<br />

l’échange. A côté de ce problème s’ajoutent les difficultés liées à la dépendance alimentaire des sociétés<br />

colonisées d’une part, et à la transformation profonde des habitudes alimentaires d’autre part» (2005: 203-<br />

204).<br />

109 É também o que defende o investiga<strong>do</strong>r congolês Patrice Yengo relativamente à origem da violência<br />

política no Esta<strong>do</strong> pós-<strong>colonial</strong> congolês (República <strong>do</strong> Congo) (Yengo, 2006: 18).<br />

122

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!