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O Trágico do Estado Pós-colonial.pdf - Estudo Geral

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VII. 2. 3. PERSONAGENS<br />

É conhecida a propensão <strong>do</strong> romance policial para utilizar personagens tipo.<br />

Quaisquer que sejam os desvios, as tentativas de renovação, a originalidade da combinação<br />

(o investiga<strong>do</strong>r é o criminoso como em Un été meurtrier de Japrisot; o narra<strong>do</strong>r é o assassino<br />

como em The murderer of Roger Ackroyd de Christie), voltamos sempre às figuras de<br />

referência. Foram vários os teóricos que propuseram grelhas classificatórias para descrever<br />

o sistema de personagens. A meu ver, a proposta mais interessante provém de Jacques<br />

Dubois; pois com o seu “quadro hermenêutico” propõe uma estrutura estável mas não<br />

rígida, fechada sobre si própria, uma estrutura que permite dar conta das múltiplas<br />

variações inerentes ao género (Dubois, 2005: 93):<br />

Para Dubois, este quadro poderia ser alvo de tentativas de desestruturação, acolher<br />

práticas que o tentam subverter, mas restabelecer-se-ia sempre e seria capaz de acolher as<br />

mais diversas variações. De facto, tanto em JB1 como em JB2, é-nos possível integrar as<br />

personagens principais no quadro hermenêutico. Temos respetivamente vítimas (Katerina<br />

Kiel e o Americano), culpa<strong>do</strong>s (o filho <strong>do</strong> deputa<strong>do</strong> e Elvis Barnes), investiga<strong>do</strong>res (Jaime<br />

Bunda com apoio de Kinanga no primeiro romance e de Nicolau no segun<strong>do</strong>) e suspeitos<br />

(T. e Júlio Fininho). Uma leitura rápida <strong>do</strong>s romances como <strong>do</strong>s quadros hermenêuticos<br />

daria a entender que Pepetela não se afastou assim tanto da narrativa policial padrão, ou,<br />

para dizê-lo de outra maneira, que a sua originalidade é recuperável pelo próprio sistema. E<br />

se, além disso, importarmos para a análise o conheci<strong>do</strong> esquema actancial com os seus<br />

adjuvantes, opositores, etc., teríamos então uma descrição teórica satisfatória, mas apenas<br />

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