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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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5.1. Método de correlação em Paul Tillich e sua relação com a teoria de símbolos<br />

102<br />

Anton Bucher, pe<strong>da</strong>gogo <strong>da</strong> religião alemão, afirma que a noção do método de<br />

correlação não é somente o conceito chave <strong>da</strong> teologia do filósofo-teológo Paul Tillich,<br />

mas é o “princípio central” 241 que perpassa to<strong>da</strong> a sua teologia sistemática. Não se deve, no<br />

entanto, entender essa afirmação como se o método fosse um instrumento rígido que<br />

controla e filtra to<strong>da</strong> de qualquer formulação teológico-filosófica, e sim, como um<br />

<strong>para</strong>digma que estabelece relações e inter-relações. Hubertus Halbfas 242 , por sua vez,<br />

afirma que a teoria <strong>da</strong> correlação de Paul Tillich encontra no conceito de símbolo o seu<br />

“lugar vivencial”. A sua teoria de símbolos e o método de correlação devem ser entendidos<br />

n<strong>uma</strong> dimensão de interdependência, onde quanto mais se interligam tanto mais criam<br />

autonomia própria e mais conseguem criar e rever o que está estabelecido.<br />

5.1.1. A interdependência mútua<br />

Segundo Paul Tillich, o método de correlação explica os “conteúdos <strong>da</strong> fé cristã<br />

através de perguntas existenciais e de respostas teológicas, em interdependência mútua” 243 .<br />

No uso do método de correlação se “faz <strong>uma</strong> análise <strong>da</strong> situação h<strong>uma</strong>na, a partir <strong>da</strong> qual<br />

surgem as perguntas existenciais” 244 . As perguntas existenciais têm a ver com a própria<br />

existência do ser enquanto sujeito em relação às outras pessoas e ao mundo social e<br />

ecológico. Assim como as que se relacionam com o próprio sentido de si mesmo, n<strong>uma</strong><br />

dimensão ontológica, são questões tanto de fundo antropológico quanto teológico-<br />

filosófico. Elas são tão antigas quanto o pensar do homem sobre si mesmo. As pessoas<br />

vivem inseri<strong>da</strong>s num mundo cultural, articulado de forma mais ou menos consciente, e<br />

suas perguntas existenciais são, muitas vezes, reflexos de seu próprio contexto cultural. No<br />

pensamento de Paulo Freire, seria possível afirmar que as perguntas existenciais estariam<br />

“grávi<strong>da</strong>s de mundo” 245 cultural.<br />

Tillich, entretanto, não restringe a reflexão unicamente à perspectiva filosófica, pois<br />

busca na Revelação ju<strong>da</strong>ico-cristã as respostas às perguntas existenciais. Na sua<br />

241<br />

Anton BUCHER, Symbol – Symbolbildung – Symbolerziehung, p. 308.<br />

242<br />

Hubertus HALBFAS, Das dritte Auge, p. 97.<br />

243<br />

Paul TILLICH, Teologia sistemática, p. 58<br />

244<br />

Id., ibid., p. 59.<br />

245<br />

Paulo FREIRE, A importância do ato de ler, p. 11-21.

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