aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
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socioeconômicas dominantes, podemos acrescentar a questão dos condicionamentos<br />
psicossociais, religiosos e hereditários.<br />
A concepção de António Nóvoa sobre o professor reflexivo e o tripé “reflexão na<br />
ação, sobre a ação e sobre a reflexão na ação”, elabora<strong>da</strong> por Donald Schön, pode ser<br />
transforma<strong>da</strong> em mero termo, à medi<strong>da</strong> em que for despi<strong>da</strong> de sua “potencial dimensão<br />
político-epistemológica” 137 . Conforme a análise dos autores e pensadores dessa teoria, há<br />
também o perigo de essa perspectiva teórica desviar o <strong>docente</strong> <strong>da</strong> reflexão sobre a questão<br />
<strong>da</strong> profissionali<strong>da</strong>de. A valorização do pensar, do sentir, <strong>da</strong>s crenças e dos valores<br />
pessoais, defendidos nessa concepção teórica, são elementos fun<strong>da</strong>mentais na reflexão<br />
sobre identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong> e se integram plenamente às questões básicas defendi<strong>da</strong>s neste<br />
trabalho. Entretanto, se não forem acrescenta<strong>da</strong>s as questões simbólicas e míticas ao<br />
sentido de ser <strong>docente</strong>, assim como as manifestações <strong>da</strong> persona e <strong>da</strong>s resistências às<br />
mu<strong>da</strong>nças, se terá, implicitamente, <strong>uma</strong> visão idealiza<strong>da</strong> do professor e do próprio processo<br />
de reflexão do professor reflexivo. Se terá igualmente o perigo de <strong>uma</strong> idealização do<br />
racionalismo e do “reflexionismo”, onde a partir <strong>da</strong> dimensão intelectual se produzirá to<strong>da</strong><br />
e qualquer mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> educação e principalmente nos educadores.<br />
Maria Inês Marcondes desenvolvendo <strong>uma</strong> reflexão sobre a formação <strong>da</strong> prática<br />
reflexiva afirma que to<strong>da</strong> ação pe<strong>da</strong>gógica deveria “levar os próprios alunos ao processo de<br />
reflexão sobre suas próprias vi<strong>da</strong>s e sobre a socie<strong>da</strong>de em que vivem” 138 . A análise que a<br />
autora faz <strong>da</strong> ação pe<strong>da</strong>gógica pode ser direciona<strong>da</strong> <strong>para</strong> a questão <strong>da</strong> formação <strong>docente</strong>,<br />
considerando que o professor-estu<strong>da</strong>nte traz ao seu período de formação inicial as<br />
experiências como aluno e a sua potenciali<strong>da</strong>de de reflexão sobre o processo em que se<br />
encontra. Na formação continua<strong>da</strong>, esse processo é enriquecido pela experiência <strong>docente</strong>,<br />
pela análise <strong>da</strong>s viabili<strong>da</strong>des teóricas, pelo embasamento nas teorias <strong>da</strong> ciência <strong>da</strong><br />
educação e por novos confrontos de aprendizagem. O que deve ser acrescentado à análise<br />
de Marcondes é a reflexão sobre a identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>, as questões <strong>da</strong> psique, do sentido <strong>da</strong><br />
vi<strong>da</strong> e <strong>da</strong> existenciali<strong>da</strong>de.<br />
Ao trazer à reflexão a questão do sentido <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e <strong>da</strong> existenciali<strong>da</strong>de, além dos<br />
pontos apresentados pela pesquisa atualiza<strong>da</strong>, pretendemos recuperar o sentido filosófico e<br />
pe<strong>da</strong>gógico <strong>da</strong> <strong>práxis</strong> educativa e tomar distância, parcialmente, dos <strong>para</strong>digmas<br />
sociológicos. É <strong>uma</strong> dimensão que busca olhar o si mesmo e o outro n<strong>uma</strong> perspectiva de<br />
137 Selma Garrido PIMENTA, Docência no ensino superior, p. 131.