aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
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221<br />
e mitos expressados comunitariamente, em ativi<strong>da</strong>des grupais, precisam ser significantes<br />
<strong>para</strong> to<strong>da</strong>s as pessoas do grupo e não somente <strong>para</strong> <strong>uma</strong> delas. Entretanto, devemos<br />
recor<strong>da</strong>r a posição de Tillich que afirma que os “símbolos não podem ser manipulados”.<br />
Portanto, nas relações do self grupal haverá simbolizações e significações grupais, mas os<br />
símbolos poderão ter significados distintos entre as pessoas do mesmo grupo. A questão do<br />
self grupal não significa <strong>uma</strong> uniformi<strong>da</strong>de de interpretação, mas <strong>uma</strong> inter-relação<br />
significante entre as pessoas do grupo.<br />
Nas significações que ocorrem nas narrativas interpretativas e reinterpretativas há<br />
um fortalecimento <strong>da</strong> individuação de ca<strong>da</strong> pessoa e conseqüentemente um fortalecimento<br />
<strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>. No fortalecimento <strong>da</strong> individuação também se processa <strong>uma</strong><br />
dimensão de singulari<strong>da</strong>de, pois ca<strong>da</strong> pessoa é e se torna mais singular em relação à outra<br />
pessoa. Ela se torna mais distinta, porque as suas características pessoais se sobressaem. Os<br />
símbolos fun<strong>da</strong>ntes, apesar de terem <strong>uma</strong> significação grupal, têm <strong>uma</strong> interpretação<br />
distinta e particular <strong>para</strong> ca<strong>da</strong> pessoa. Nas significações grupais e nas partilhas<br />
interpessoais pode também se constituir <strong>uma</strong> singulari<strong>da</strong>de plural ou <strong>uma</strong> plurali<strong>da</strong>de<br />
singular, quando as partilhas e as experiências significativas e significantes <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de<br />
<strong>docente</strong> se tornam <strong>uma</strong> singulari<strong>da</strong>de plural, porque a mesmi<strong>da</strong>de e a ipsei<strong>da</strong>de dos<br />
componentes do grupo se fortalecem na relação <strong>da</strong> alteri<strong>da</strong>de e formam <strong>uma</strong> uni<strong>da</strong>de e não<br />
<strong>uma</strong> dissonância. Isto significa que ca<strong>da</strong> self grupal será singular, apesar de ser constituído<br />
pela plurali<strong>da</strong>de de pessoas singulares, e, portanto, distinto de outros selfs grupais.<br />
Na sua análise sobre singulari<strong>da</strong>de e plurali<strong>da</strong>de, Sara Pain afirma que “somente a<br />
liber<strong>da</strong>de pode nos levar <strong>da</strong> singulari<strong>da</strong>de à plurali<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> plurali<strong>da</strong>de à<br />
singulari<strong>da</strong>de” 484 . Dessa forma, devemos dizer que não é possível constituir um self grupal<br />
sem um claro processo dialético <strong>da</strong> relação entre singulari<strong>da</strong>de e plurali<strong>da</strong>de e sem um<br />
claro processo dialógico, em que há <strong>uma</strong> atitude de ouvir a manifestação do self individual<br />
<strong>da</strong> outra pessoa. A constituição do self grupal só será consistente e se consoli<strong>da</strong>rá quando<br />
estiver presente a dimensão de intersubjetivi<strong>da</strong>de dialógica 485 , em que sujeitos falantes e<br />
ouvintes consideram a subjetivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s suas relações e interpretações e quando, n<strong>uma</strong><br />
atitude dialógica e emancipatória, revelam as suas impressões e interpretações. Seguindo a<br />
interpretação de Paulo Freire, que reflete sobre a intercomunicação amorosa, podemos<br />
salientar que é necessário que haja <strong>uma</strong> “intercomunicação íntima entre duas consciências<br />
484<br />
Sara PAIN, Aspectos filosóficos e sócio-antropológicos do construtivismo pós-piagetiano – II,<br />
p. 49.<br />
485<br />
Manfredo Carlos WACHS, O ministério <strong>da</strong> confirmação, p. 87-89, 151-155.