aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
38<br />
social contribui expressivamente <strong>para</strong> que a pessoa se ass<strong>uma</strong> como professor e construa<br />
<strong>uma</strong> identi<strong>da</strong>de identifica<strong>da</strong> com a ação comprometi<strong>da</strong> com a reali<strong>da</strong>de em que se encontra<br />
o estu<strong>da</strong>nte e a instituição em que atua.<br />
Selma Pimenta analisa que os conteúdos e as ativi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> prática de ensino<br />
distanciados <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de também contribuem <strong>para</strong> dificultar a constituição de <strong>uma</strong><br />
identi<strong>da</strong>de profissional do <strong>docente</strong>. 33 Agrega-se a isto, a concepção epistemológica <strong>da</strong><br />
formação, em que se dá primazia ao conhecimento técnico teórico e se compreende o<br />
estágio como aplicação de um conhecimento adquirido distante <strong>da</strong> prática. Em grande<br />
parte dos cursos de licenciatura, os estágios, apesar <strong>da</strong> orientação do Parecer nº 28/2001,<br />
do Conselho Nacional de Educação, ain<strong>da</strong> são realizados no final do curso, concentrando-<br />
se no último semestre. O educador Carlos Carrolo avalia que a pre<strong>para</strong>ção técnica do<br />
<strong>docente</strong> (o que fazer? Como fazer?) passa por cima <strong>da</strong> dimensão reflexiva <strong>da</strong> socialização<br />
profissional 34 e <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>. A predominância <strong>da</strong> formação técnica torna a<br />
formação reflexiva crítica de menor expressão e presença na <strong>práxis</strong> educativa do educador.<br />
Conseqüentemente, esse processo desenvolve menos condições <strong>para</strong> <strong>uma</strong> reflexão crítica<br />
sobre a reali<strong>da</strong>de educativa e sobre a sua própria <strong>práxis</strong>. O <strong>docente</strong> de formação tecnóloga<br />
desenvolve <strong>uma</strong> racionali<strong>da</strong>de instrumental e não reflexiva e, conseqüentemente,<br />
encontrará dificul<strong>da</strong>des <strong>para</strong> refletir sobre o seu próprio processo de formação.<br />
Selma Pimenta 35 faz <strong>uma</strong> análise muito semelhante dos <strong>docente</strong>s do ensino<br />
superior. De tal maneira, que não há muita diferença entre a formação e construção <strong>da</strong><br />
identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong> do <strong>docente</strong> do ensino superior e <strong>da</strong> educação básica. Conforme a sua<br />
análise, a maioria dos <strong>docente</strong>s do ensino superior não se identifica com o ser-professor,<br />
mas com ser, por exemplo, médico, advogado, engenheiro. Ou seja, essas pessoas se<br />
identificam com <strong>uma</strong> formação de bacharelado e não de licenciatura. Nessa perspectiva,<br />
podemos afirmar que essas pessoas antes preenchem um espaço <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de educativa na<br />
instituição de ensino superior do que ocupam realmente o “lugar e o tempo” de atuação<br />
<strong>docente</strong> e de construção do conhecimento. Essas pessoas antes repassam informações do<br />
que partilham saberes; antes ocupam um emprego <strong>para</strong> obter rendimentos extras do que<br />
exercem a ativi<strong>da</strong>de educativa como opção profissional consciente. 36 Optar pela profissão<br />
<strong>docente</strong> significa focar o seu olhar e o seu “coração” nas ações e relações decorrentes <strong>da</strong> e<br />
33<br />
Selma Garrido PIMENTA, Formação de professores: identi<strong>da</strong>de e saberes <strong>da</strong> docência, p. 16s.,<br />
45.<br />
34<br />
Carlos CARROLO, Formação e identi<strong>da</strong>de profissional de professores, p. 21.<br />
35<br />
Selma Garrido PIMENTA, Docência no ensino superior, p. 35-41.<br />
36 Id., ibid., p. 129.