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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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segui<strong>da</strong>mente na vi<strong>da</strong> dos <strong>docente</strong>s. São momentos importantes de tomar distância do<br />

sufoco <strong>da</strong> profissão, <strong>da</strong> sobrecarga <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des, com o forte propósito de aliviar a tensão<br />

e suavizar o fardo.<br />

O ato de desvestir-se é saudável, pois é <strong>uma</strong> forma de a pessoa restabelecer o<br />

equilíbrio psicoemocional, além de <strong>da</strong>r tempo <strong>para</strong> a sua pessoali<strong>da</strong>de e não somente <strong>para</strong><br />

a sua profissionali<strong>da</strong>de. Nenh<strong>uma</strong> pessoa suporta carregar o fardo profissional<br />

ininterruptamente. Contudo, em boa parte <strong>da</strong>s ocasiões, o ato de desvestir-se é <strong>uma</strong> forma<br />

de negação de sua identi<strong>da</strong>de profissional, é <strong>uma</strong> atitude de livrar-se de pensamentos<br />

inoportunos, é um desejo de esquecer algo que incomo<strong>da</strong>. É um sentimento de mal-estar<br />

com o que se faz. Esse ato também pode ser um estado doentio transvestido de <strong>uma</strong><br />

suposta harmonia e auto-suficiência.<br />

Nas ativi<strong>da</strong>des de <strong>docente</strong> realiza<strong>da</strong>s em sala de aula nos cursos de especialização<br />

mencionados acima e em outros cursos em que atuo como <strong>docente</strong>, conseguimos perceber<br />

que o olhar de estu<strong>da</strong>nte se mantém forte, pois os <strong>docente</strong>s, enquanto estu<strong>da</strong>ntes desses<br />

cursos, revestem-se, fácil e rapi<strong>da</strong>mente, <strong>da</strong> vestimenta de alunos e, mesmo sendo<br />

professores, passam a ter atitudes típicas de estu<strong>da</strong>ntes. Em grande parte, assumem atitudes<br />

que eles próprios condenam na cotidiani<strong>da</strong>de <strong>da</strong> sala de aula. Ouve-se, nesses cursos,<br />

frases do tipo: “nós estamos parecendo nossos alunos”. Não vemos isto como algo a ser<br />

condenado ou expurgado, mas como um elemento integrante <strong>da</strong> formação continua<strong>da</strong>, <strong>da</strong><br />

construção <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong> e <strong>da</strong> ressignificação <strong>da</strong> <strong>práxis</strong>, do compreender-se a si<br />

mesmo. É importante que ocorra a toma<strong>da</strong> de consciência do ser-estu<strong>da</strong>nte e do ser-<br />

<strong>docente</strong> e o discernimento ao desempenhar este ou aquele papel. Acreditamos que quanto<br />

mais a pessoa consegue olhar <strong>para</strong> si mesma mais ela se conhece e aprende a avaliar a sua<br />

<strong>práxis</strong>. Nós conseguimos aju<strong>da</strong>r os <strong>docente</strong>s a olharem <strong>para</strong> si mesmos, auxiliando-os a<br />

analisar a sua atuação nos dois espaços distintos que ocupam, como estu<strong>da</strong>ntes e como<br />

<strong>docente</strong>s. Diante disso, é importante salientar que deveria fazer parte <strong>da</strong> saúde <strong>da</strong><br />

pessoali<strong>da</strong>de do professor o ato de desvestir-se e olhar-se <strong>para</strong> poder refletir sobre si<br />

próprio e sobre a sua própria <strong>práxis</strong> educativa.<br />

A pe<strong>da</strong>goga Maria Inês Marcondes afirma que os programas de formação de<br />

<strong>docente</strong>s “não têm fornecido aos futuros professores os instrumentos conceituais de que<br />

necessitam a fim de perceber o conhecimento como algo problematizável” 40 . As propostas<br />

pe<strong>da</strong>gógicas dos cursos de formação <strong>docente</strong> desenvolvem, na maioria dos casos, <strong>uma</strong><br />

40 Maria Inês MARCONDES, O papel pe<strong>da</strong>gógico político do professor, p. 40.

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