aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
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<strong>uma</strong> <strong>hermenêutica</strong> reflexiva e existencial, possibilitar <strong>uma</strong> significação, ressignificação e<br />
ressimbolização <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong> e <strong>da</strong> <strong>práxis</strong> educativa, visando a elaboração de<br />
<strong>aportes</strong> <strong>para</strong> <strong>uma</strong> <strong>hermenêutica</strong> <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>.<br />
Em minha opção metodológica, procurei desenvolver <strong>uma</strong> abor<strong>da</strong>gem qualitativa<br />
de caráter interdisciplinar, estabelecendo relações entre diversos campos de saberes,<br />
aprendendo a ser ouvido, vivenciando com contextos culturais distintos e variados,<br />
freqüentando tanto o ambiente <strong>da</strong> escola confessional quanto o <strong>da</strong> escola estadual,<br />
dialogando com <strong>docente</strong>s em formação continua<strong>da</strong> e com pessoas que elaboravam alg<strong>uma</strong><br />
monografia, acompanhando <strong>docente</strong>s estagiários e confrontando-me constantemente com a<br />
necessi<strong>da</strong>de de renovação e transformação <strong>da</strong> <strong>práxis</strong> educativa. A minha metodologia de<br />
pesquisa se entrecruza com a trajetória pessoal, com a atuação como <strong>docente</strong> e com a de<br />
pesquisador. Em alguns instantes, estes três elementos se misturavam e se integravam<br />
n<strong>uma</strong> mesma ação.<br />
A pesquisadora Ivani Fazen<strong>da</strong>, em sua metodologia de pesquisa em educação,<br />
apresenta três fun<strong>da</strong>mentos <strong>para</strong> a compreensão de <strong>uma</strong> prática <strong>docente</strong> interdisciplinar. O<br />
primeiro fun<strong>da</strong>mento é movimento dialético de “rever o velho <strong>para</strong> torná-lo novo ou tornar<br />
novo o velho”. Ela afirma que “nunca devemos desprezar as experiências vivi<strong>da</strong>s – elas se<br />
constituem na possibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> inovação, <strong>da</strong> revisão e <strong>da</strong> análise interdisciplinar”. O<br />
segundo fun<strong>da</strong>mento é o <strong>da</strong> memória na sua dupla forma: a) memória-registro escrita e b)<br />
memória vivi<strong>da</strong> e refeita no diálogo. Ela afirma que quando a memória desenha um quadro<br />
já vivido, sempre o faz de maneira diferente. Ao desenhar o quadro, ela seleciona o mais<br />
significativo a ponto de tornar-se inesquecível ou inesgotável. O terceiro fun<strong>da</strong>mento é a<br />
parceria que se reconfigura na mania de “ver a teoria na prática e a prática na teoria”. 3<br />
O princípio metodológico de investigação está diretamente relacionado ao método<br />
defendido por Ivani Fazen<strong>da</strong> e denominado por ela de ego-história, que nasce do<br />
cruzamento de dois grandes movimentos: a) do abalo <strong>da</strong>s referências clássicas <strong>da</strong><br />
objetivi<strong>da</strong>de histórica e b) <strong>da</strong> investigação do presente pelo olhar do historiador. Associo-<br />
me ao princípio metodológico de Ivani Fazen<strong>da</strong>, que afirma que essa metodologia “não se<br />
constitui em <strong>uma</strong> autobiografia pretensamente literária, nem em <strong>uma</strong> profissão de fé<br />
abstrata, nem em <strong>uma</strong> tentativa de psicanálise”. Uma pesquisa dessa envergadura pretende<br />
2 Selma Garrido PIMENTA, Formação de professores: identi<strong>da</strong>de e saberes <strong>da</strong> docência, p. 20.<br />
3 Ivani FAZENDA, Interdisciplinari<strong>da</strong>de: qual o sentido?, p. 65-80.