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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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estimula<strong>da</strong> a tornar-se professor e quem fazia essa opção era valorizado, admirado e<br />

reconhecido socialmente. Hoje, ser professor é considerado, por muitos, como <strong>uma</strong><br />

ocupação de segun<strong>da</strong> categoria e <strong>uma</strong> ativi<strong>da</strong>de de alguém que não consegue emprego<br />

melhor. Podemos constatar que essa descaracterização social e psicoemocional gera um<br />

sentimento de baixa auto-estima, de incapaci<strong>da</strong>de profissional e de “desreconhecimento”<br />

social.<br />

José Manuel Esteve ain<strong>da</strong> aponta três outros elementos como fatores que incidem<br />

no sistema educativo: mu<strong>da</strong>nças de expectativas em relação ao sistema educativo, mu<strong>da</strong>nça<br />

no apoio <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de ao sistema educativo e mu<strong>da</strong>nça dos conteúdos curriculares.<br />

Por outro lado, há três elementos que incidem diretamente na prática educativa na<br />

sala de aula: escassez de recursos materiais e condições deficientes de trabalho; mu<strong>da</strong>nças<br />

na relação entre professor e aluno e fragmentação do trabalho <strong>docente</strong>. Neste, o professor,<br />

além de planejar as aulas, avaliar e orientar os seus alunos e atender os pais, precisa<br />

realizar ativi<strong>da</strong>des administrativas, organizar ativi<strong>da</strong>des extra-classe como excursão<br />

cultural e educativa e planejar festas. Essas ações extra-curriculares impossibilitam o<br />

espaço de formação continua<strong>da</strong> de muitos educadores, seja através de participação em<br />

cursos ou leituras pe<strong>da</strong>gógicas.<br />

O educador Henry Giroux, por sua vez, aponta que <strong>uma</strong> <strong>da</strong>s maiores ameaças aos<br />

atuais <strong>docente</strong>s e também aos futuros é o “desenvolvimento crescente de ideologias<br />

instrumentais que enfatizam <strong>uma</strong> abor<strong>da</strong>gem tecnocrática” 337 na pre<strong>para</strong>ção de professores.<br />

Na sua opinião, os <strong>docente</strong>s “em vez de aprenderem a refletir sobre princípios que<br />

estruturam a vi<strong>da</strong> e a prática em sala de aula, aprendem metodologias que parecem negar a<br />

necessi<strong>da</strong>de do pensamento crítico” 338 . Diante desse processo de formação e <strong>da</strong> construção<br />

de <strong>uma</strong> capaci<strong>da</strong>de reflexiva, torna-se difícil realizar <strong>uma</strong> ressignificação <strong>da</strong> <strong>práxis</strong><br />

educativa, porque não se desenvolveu <strong>uma</strong> aprendizagem <strong>da</strong> reflexão crítica. A capaci<strong>da</strong>de<br />

reflexiva desenvolvi<strong>da</strong> é mais <strong>uma</strong> racionali<strong>da</strong>de técnica e instrumental do que de análise<br />

crítica. O resultado desse processo de aprendizagem é a redução <strong>da</strong> formação continua<strong>da</strong><br />

ao desejo de renovação de técnicas e de recursos de ensino. Nesse sentido, Giroux vê que a<br />

desvalorização do trabalho intelectual crítico resultou na valorização <strong>da</strong>s questões de<br />

ordem prática e vice-versa. Ou seja, a valorização de <strong>uma</strong> dimensão resulta na<br />

desvalorização <strong>da</strong> outra. A proposta do conceito de “professores como intelectuais<br />

337 Henry GIROUX, Professores como intelectuais transformadores, p. 158.<br />

338 Id., ibid., p. 159.

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