aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
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Svi Shapiro destaca, ain<strong>da</strong>, a importância <strong>da</strong> luta por <strong>uma</strong> “cultura que encha o<br />
mundo vivido de homens e mulheres com sentido, paixão e visão” 130 e, aproveitando<br />
afirmação de Berman, acusa pensadores como Jacques Derri<strong>da</strong>, Roland Barthes, Jacques<br />
Lacan, Michel Foucault, Jean Baudrillard e seus seguidores, de terem se<br />
apropriado de to<strong>da</strong> a linguagem modernista de ruptura radical, retiraramna<br />
de seu contexto moral e político e transformaram-na num jogo de<br />
linguagem puramente estético. 131<br />
Berman classifica essas idéias como de um “niilismo sem lágrimas” 132 . Em seu<br />
texto, Shapiro considera importante as contribuições dos pensadores pós-modernos, de<br />
forma especial a reflexão sobre linguagem e discurso. Contudo, afirma claramente que<br />
“são as vi<strong>da</strong>s e as experiências dos seres h<strong>uma</strong>nos que permanecem centrais no projeto de<br />
<strong>uma</strong> pe<strong>da</strong>gogia crítica!” 133 . É essa centrali<strong>da</strong>de nos seres h<strong>uma</strong>nos e nas experiências reais<br />
e simbólicas que revelam-se como contribuições importantes <strong>para</strong> <strong>uma</strong> <strong>hermenêutica</strong><br />
reflexiva e simbólica <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>.<br />
Maurice Tardiff, analisando as fontes de formação do <strong>docente</strong>, reflete sobre a<br />
história pessoal e social <strong>da</strong> categoria profissional <strong>da</strong> educação e aponta <strong>para</strong> duas<br />
dimensões <strong>da</strong> trajetória profissional. Uma dimensão são os saberes adquiridos durante a<br />
trajetória pré-profissional e a segun<strong>da</strong> são os saberes apreendidos no decorrer do exercício<br />
<strong>da</strong> profissão. 134 Ele destaca que, na primeira dimensão, os <strong>docente</strong>s já adquirem <strong>uma</strong><br />
concepção de identi<strong>da</strong>de e perfil <strong>docente</strong> enquanto estão no âmbito de estu<strong>da</strong>ntes. Esses<br />
saberes transformam-se em categorias simbólicas estruturantes <strong>da</strong> sua identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>.<br />
Elas não são, contudo, estáticas, pois são acresci<strong>da</strong>s <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> dimensão: a dos saberes<br />
apreendidos no decorrer <strong>da</strong> <strong>práxis</strong> educativa. Esses saberes e esses símbolos estruturantes<br />
são dinâmicos, e podem ir se reconfigurando à medi<strong>da</strong> que se estabelecem novas relações<br />
de saberes e de relações interpessoais. Por isso, <strong>para</strong> a compreensão <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de, <strong>para</strong> a<br />
contribuição <strong>para</strong> <strong>uma</strong> <strong>hermenêutica</strong> <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>, é fun<strong>da</strong>mental considerar a<br />
trajetória de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> pessoa do <strong>docente</strong> e criar espaços comunitários, no âmbito escolar,<br />
<strong>para</strong> que ela possa narrar os seus processos identitários e tomar consciência <strong>da</strong> sua história<br />
e <strong>da</strong> sua identi<strong>da</strong>de.<br />
Maurice Tardiff afirma:<br />
130 Id., ibid., p. 117.<br />
131 Apud id., ibid., p. p.118.<br />
132 Apud idem.<br />
133 Id., ibid., p. 119.<br />
134 Maurice TARDIFF, Saberes <strong>docente</strong>s e formação profissional, p. 68-70.