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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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quando os novos registros encontraram eco nos antigos “arquivos”. Aqui podemos recor<strong>da</strong>r<br />

os fun<strong>da</strong>mentos existenciais, sociais e pragmáticos elaborados por Maurice Tardiff.<br />

Jung afirma que o “inconsciente nunca está em repouso” 498 , que a sua ativi<strong>da</strong>de<br />

parece ser contínua. O inconsciente está em constante processo de auto-regulação 499 <strong>da</strong><br />

psique como um todo, seja através do sonho, seja através de projeções e de ações<br />

emocionais e racionais. O inconsciente está continuamente processando e reprocessando as<br />

situações vivencia<strong>da</strong>s, sejam elas significativas ou irrelevantes. Nesse processo de auto-<br />

regulação os “processos inconscientes se acham n<strong>uma</strong> relação compensatória em relação à<br />

consciência”. Jung utiliza de propósito a expressão “compensatória” porque no seu<br />

entender o consciente e o inconsciente não se acham necessariamente em oposição, mas<br />

“se complementam mutuamente, <strong>para</strong> formar <strong>uma</strong> totali<strong>da</strong>de: o si-mesmo (Selbst)” 500 . O si-<br />

mesmo (self) abarca não só a psique consciente, mas também a inconsciente. O self é a<br />

totali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> do inconsciente pessoal e do consciente.<br />

Nesse sentido Jung afirma:<br />

Quanto mais conscientes nos tornamos de nós mesmos através do<br />

autoconhecimento, atuando conseqüentemente, tanto mais se reduzirá a<br />

cama<strong>da</strong> do inconsciente pessoal que recobre o inconsciente coletivo. 501<br />

Portanto, o processo de construção <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong> é <strong>uma</strong> constante ação de<br />

autoconhecimento, de aproximação entre a cama<strong>da</strong> do inconsciente e do consciente.<br />

Entretanto, por mais que possamos ampliar o campo <strong>da</strong> consciência e conhecer nossas<br />

projeções, nossas auto-regulações e nossos mitos e símbolos fun<strong>da</strong>ntes, sempre haverá <strong>uma</strong><br />

“quanti<strong>da</strong>de indetermina<strong>da</strong> e indeterminável de material inconsciente que pertence à<br />

totali<strong>da</strong>de do si-mesmo” 502 . Se fosse possível ter acesso total e irrestrito ao inconsciente,<br />

ele seria anulado e o inconsciente se transformaria n<strong>uma</strong> reali<strong>da</strong>de totalmente consciente e,<br />

portanto, transparente, previsível e manipulável. As lembranças não seriam mais<br />

lembranças. A memória seria anula<strong>da</strong>. Não haveria mais passado, somente o presente. As<br />

pessoas seriam totalmente conheci<strong>da</strong>s. Seriam plenamente transparentes e previsíveis. De<br />

outra forma podemos dizer que desapareceriam os símbolos e os mitos, pois não haveria<br />

mais na<strong>da</strong> <strong>para</strong> ser significado e simbolizado.<br />

498 Id., ibid., § 273.<br />

499 Id., ibid., § 275.<br />

500 Id., ibid., § 274.<br />

501 Id., ibid., § 275.<br />

502 Id., ibid., § 275.

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