aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
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A quarta característica dos símbolos aponta<strong>da</strong> tanto por Anton Bucher 258 quanto por<br />
Klaus-Dieter Nörenberg 259 , trata <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de social inequívoca do símbolo. O seu<br />
significado não deve deixar dúvi<strong>da</strong> e nem ser dúbio. Ele deve apontar diretamente ao seu<br />
significado. Para Tillich, determinado símbolo não pode ser considerado como símbolo<br />
religioso se constituir <strong>uma</strong> experiência apenas individual ou a de um pequeno grupo. Ele<br />
precisa ser reconhecido como tal pela socie<strong>da</strong>de, senão não terá sentido simbólico. Essa<br />
dimensão de reconhecimento social dá ao símbolo um caráter universal ou transcultural, ou<br />
seja, não se limita a um espaço cultural, geográfico e educacional.<br />
Analisando a perspectiva de Paul Tillich, Marc Girard afirma que, do ponto de vista<br />
social, o simbolizante é facilmente “reconhecível por <strong>uma</strong> coletivi<strong>da</strong>de” 260 . O símbolo se<br />
torna sinal de identi<strong>da</strong>de e de reconhecimento mútuo dentro do grupo e de outras pessoas<br />
fora do grupo. Ele elimina a dimensão individualista e também minimiza a questão restrita<br />
a um grupo limitado. Para ter significado simbólico, o símbolo precisa ser reconhecido<br />
socialmente na sua dimensão simbolizante.<br />
Este conceito aproxima-se <strong>da</strong> compreensão de símbolos e mitos de Carl Jung que os<br />
localiza no inconsciente coletivo e inconsciente pessoal e os identifica com os arquétipos.<br />
Nessa mesma direção, podemos afirmar que não é possível, <strong>para</strong> o educador, criar um mito<br />
ou símbolo <strong>para</strong> si, como algo com o qual ele sente afini<strong>da</strong>de. Não é possível <strong>para</strong> o<br />
educador mol<strong>da</strong>r o seu símbolo ou o seu mito ao seu bel-prazer. Na ver<strong>da</strong>de, o que ocorre é<br />
<strong>uma</strong> intercomunicação arquetípica entre a pessoa e o símbolo existencial.<br />
As características e as funções dos símbolos estão intimamente interliga<strong>da</strong>s. Ao<br />
mesmo tempo, as diversas funções formam um conjunto e não devem ser compreendi<strong>da</strong>s<br />
de forma isola<strong>da</strong> ou fragmenta<strong>da</strong>. A primeira função é o caráter referencial. O símbolo<br />
tem a função de indicar <strong>para</strong> algo que está fora dele mesmo. Ele não está fechado em si<br />
mesmo. Ele não enclausura o sujeito nele mesmo. Dessa forma, o símbolo tem <strong>uma</strong><br />
dimensão de referência <strong>para</strong> algo que transcende a própria pessoa.<br />
A segun<strong>da</strong> função é a autopotenciali<strong>da</strong>de através <strong>da</strong> participação. O símbolo tem<br />
<strong>uma</strong> participação naquilo que ele indica. O símbolo por si só tem o potencial de provocar a<br />
participação <strong>da</strong> pessoa no seu envolvimento com o símbolo religioso. Por outro lado, tem a<br />
função de participar como agente ativo no próprio processo de simbolização <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de<br />
social, educativa e comunitária e <strong>da</strong> situação existencial <strong>da</strong> pessoa.<br />
258 Anton BUCHER, Symbol – Symbolbildung – Symbolerziehung, p. 310-312.<br />
259 Klaus-Dieter NÖRENBERG, Analogia imaginis, p. 83-90.