12.04.2013 Views

aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

62<br />

e questionável diante <strong>da</strong> complexi<strong>da</strong>de interpretativa, <strong>da</strong> problemática <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de<br />

h<strong>uma</strong>na 109 e <strong>da</strong> própria trajetória <strong>da</strong> <strong>hermenêutica</strong>, como ciência <strong>da</strong> interpretação.<br />

Benno Dischinger defende a idéia <strong>da</strong> <strong>hermenêutica</strong> que “viabiliza a crítica e a<br />

autocrítica no processo de compreensão <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de” 110 . Apesar de utilizar a categoria<br />

analítica <strong>da</strong> filosofia, aqui se evidencia a idéia de que há <strong>uma</strong> ver<strong>da</strong>de oculta 111 e que<br />

precisa ser desvela<strong>da</strong>. Ou ain<strong>da</strong>, que há <strong>uma</strong> ver<strong>da</strong>de que precisa ser resgata<strong>da</strong>. Isto pode<br />

remeter à questão <strong>da</strong> “tradição” <strong>da</strong> igreja que se considera a intérprete correta <strong>da</strong>s<br />

Escrituras. Dessa forma, a idéia de “compreensão <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de” pode nos remeter a <strong>uma</strong><br />

dimensão arqueológica, de cavar, de buscar as origens, de tentar entender o que o autor<br />

quis dizer no momento em que expressou o seu pensamento. É fazer <strong>uma</strong> viagem no<br />

tempo, <strong>para</strong> compreender os diversos emaranhados do nó circunstancial existente no<br />

momento <strong>da</strong> elaboração do pensamento. Na viagem no tempo, a interpretação arqueológica<br />

precisa reconhecer que os “nós circunstanciais” também foram sendo ressignificados no<br />

decorrer do tempo histórico e foram adquirindo novo sentido. A aquisição de sentido é<br />

dinâmica, é processual, é um contínuo fazer-se.<br />

filosófica:<br />

Artur Morão, por sua vez, apresenta <strong>uma</strong> outra interpretação <strong>da</strong> <strong>hermenêutica</strong><br />

Visto que os sentidos são múltiplos, haverá tantas <strong>hermenêutica</strong>s quanto<br />

os sentidos, <strong>da</strong>í o problema de <strong>uma</strong> <strong>hermenêutica</strong> <strong>da</strong>s <strong>hermenêutica</strong>s. Não<br />

existe <strong>uma</strong> ver<strong>da</strong>de, mas ver<strong>da</strong>des, sendo ca<strong>da</strong> <strong>uma</strong> delas a expressão de<br />

<strong>uma</strong> maneira de ser no mundo e apreendi<strong>da</strong> por <strong>uma</strong> certa atitude<br />

intencional. 112<br />

A análise crítica sobre “a busca <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de” não pretende ser um processo que<br />

torna tudo relativo e coloca tudo sob suspeita. Ela considera a questão <strong>da</strong> plurali<strong>da</strong>de, e<br />

muito mais do que isto, quer caminhar em direção à busca de sentido, <strong>da</strong> valorização do<br />

pensamento pessoal, <strong>da</strong> autonomia de reflexão. E proporcionar a descoberta do sentido que<br />

o texto, escrito, oral ou visual, apresenta <strong>para</strong> a pessoa, seja <strong>para</strong> aquela que fala, seja <strong>para</strong><br />

aquela que ouve, reforçando novamente a idéia de que a descoberta do sentido, assim como<br />

a identi<strong>da</strong>de e a personali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> pessoa, é algo dinâmico, porque o mesmo objeto pode ter<br />

um sentido <strong>para</strong> a pessoa, num momento circunstancial, e outro sentido, em outro<br />

momento circunstancial. As inter-relações interpretativas são sempre processos de<br />

109 Andrés ORTIZ OSÉS, Hermenêutica, p. 206.<br />

110 Benno DISCHINGER, Apresentação, p. 11.<br />

111 Pedro DEMO, Metodologia científica em ciências h<strong>uma</strong>nas, p. 247ss.<br />

112 Artur Ferreira Pires MORÃO, Hermenêutica, col. 1105.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!