aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
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confirmação do fato de que há inúmeros professores que aprenderam e desenvolveram <strong>uma</strong><br />
racionali<strong>da</strong>de técnica e instrumental. Essas pessoas apresentam dificul<strong>da</strong>de em realizar<br />
<strong>uma</strong> reflexão sobre si mesmas. A capaci<strong>da</strong>de de reflexivi<strong>da</strong>de está reduzi<strong>da</strong> nessa pessoa.<br />
Não é possível, contudo, afirmar que essas pessoas não possuam reflexivi<strong>da</strong>de, mas apenas<br />
que ela não foi devi<strong>da</strong>mente desenvolvi<strong>da</strong>. Nesta investigação constatou-se haver<br />
professores que descrevem fatos e situações pessoais de forma lacônica e até n<strong>uma</strong> relação<br />
tangencial. É <strong>uma</strong> relação que permite a aproximação, mas não <strong>uma</strong> relação proximal. Ou<br />
seja, eles descrevem situações pessoais sem permitir <strong>uma</strong> maior aproximação nem <strong>uma</strong><br />
abertura do baú.<br />
Constatei também que a narrativa reflexiva sobre a sua própria trajetória é mais<br />
fácil de realizar quando se utiliza dinâmicas que envolvem jogos e figuras simbólicas.<br />
Nestas, a pessoa conseguia se revelar e se proteger ao mesmo tempo. Ela falava de si, ela<br />
se revelava, ocultando-se nos símbolos, nos personagens míticos e nas imagens simbólicas.<br />
Dialeticamente, ela fala e não fala de si. Na medi<strong>da</strong> em que a narrativa era bem acolhi<strong>da</strong><br />
pelo grupo, no qual a pessoa estava inseri<strong>da</strong>, ocorria <strong>uma</strong> ação reflexiva de<br />
aprofun<strong>da</strong>mento.<br />
Nessa perspectiva, pude verificar que o aprofun<strong>da</strong>mento dos relatos e a melhor<br />
compreensão de si mesmo ocorriam quando se possibilitava a narrativa por escrito, por<br />
desenho, por representação cênica, pela orali<strong>da</strong>de ou por outras representações simbólicas.<br />
A diversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> narrativa permite que as diferentes funções <strong>da</strong> tipologia extroverti<strong>da</strong> e<br />
introverti<strong>da</strong> possam se manifestar. Verifiquei igualmente que, antes <strong>da</strong> partilha grupal e <strong>da</strong><br />
interação <strong>da</strong>s representações simbólicas, é necessário que a própria pessoa possa interagir e<br />
tomar consciência do que estava até o momento no inconsciente.<br />
A narrativa oral, a partilha grupal <strong>da</strong>s representações, é fun<strong>da</strong>mental, pois<br />
desenvolve <strong>uma</strong> organização do próprio pensamento e conseqüentemente <strong>uma</strong><br />
interpretação e reinterpretação do pensamento pessoal. A narrativa oral, a partilha grupal,<br />
permite que as pessoas interajam e aprofundem a reflexão de ca<strong>da</strong> narrativa. Nesses<br />
momentos, ocorriam, em alg<strong>uma</strong>s ocasiões, <strong>uma</strong> aproximação e <strong>uma</strong> identificação com os<br />
elementos <strong>da</strong> narrativa <strong>da</strong> outra pessoa. Ocorria, assim, <strong>uma</strong> seleção por parte do grupo,<br />
<strong>uma</strong> opção por um símbolo que, através <strong>da</strong> reflexão grupal, acaba se tornando num<br />
símbolo identitário do grupo. A aproximação e a opção de um símbolo grupal é um dos<br />
elementos fun<strong>da</strong>mentais <strong>para</strong> a constituição do self grupal. Esse processo torna-se ain<strong>da</strong><br />
mais significativo quando um “Narciso” e um “Eco” conseguem permanecer lado a lado e