aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
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CAPÍTULO VI<br />
SÍMBOLOS EM PAUL RICOEUR<br />
Neste capítulo, visamos a aproximar-nos do pensamento de Paul Ricoeur 261 sobre<br />
símbolos e analisar a sua contribuição <strong>para</strong> esta reflexão sobre a <strong>hermenêutica</strong> <strong>da</strong><br />
identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>. Característica do pensamento de Paul Ricoeur é <strong>uma</strong> atitude<br />
essencialmente afirmativa e restauradora de sentido. Nesse sentido, a sua <strong>hermenêutica</strong><br />
fenomenológica não busca recuperar ou resgatar o sentido original <strong>da</strong>s dimensões<br />
simbólicas, e sim compreender o sentido presente na dimensão simbólica que se encontra<br />
diante <strong>da</strong> pessoa. Para Paul Ricoeur trata-se, em primeira instância, de recobrar, revelar,<br />
mediante a interpretação, o mundo mesmo que é então descoberto, é revelar a identi<strong>da</strong>de<br />
<strong>docente</strong> na perspectiva narrativa.<br />
Nesta pesquisa e na atuação como <strong>docente</strong>, constatei que as pessoas revelam com<br />
mais facili<strong>da</strong>de a sua identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong> através de símbolos e mitos. Ao mesmo tempo<br />
que as pessoas se revelam, elas também ocultam elementos <strong>da</strong> sua própria visão,<br />
compreensão e reali<strong>da</strong>de. Percebi que ocorre, simultaneamente, um revelar e um ocultar.<br />
Nesta análise inicial, defrontramo-nos, portanto, com o pensamento de Paul Ricoeur.<br />
6.1. Análise crítica de Paul Ricoeur<br />
No seu processo de construção <strong>da</strong> teoria dos símbolos, Ricoeur, ao mesmo tempo<br />
que analisa criticamente os conceitos de Ernst Cassirer, Edmund Husserl e Mircea Eliade,<br />
reconhece a contribuição destes pensadores e a influência que recebeu deles. Ricoeur<br />
considera a definição de Cassirer, em seu livro Filosofia <strong>da</strong>s formas simbólicas, muito<br />
ampla. Na opinião de Ricoeur, Cassirer pretende “arbitrar as pretensões ao absoluto de<br />
ca<strong>da</strong> <strong>uma</strong> <strong>da</strong>s funções simbólicas”, e entende que simbólico “designa o denominador<br />
comum de todos os modos de objetivar, de <strong>da</strong>r sentido à reali<strong>da</strong>de”. Cassierer confunde o<br />
símbolo com a própria função significante. Ele faz <strong>da</strong> “função simbólica a função geral <strong>da</strong><br />
mediação, através do qual o espírito, a consciência, constrói todos os seus universos de<br />
261 Paul Ricoeur nasceu na ci<strong>da</strong>de de Valence, França, em 1913, formando-se nas tradições<br />
existencialista e fenomelógica. Ele desenvolve a sua reflexão no campo <strong>da</strong> teologia, filosofia,<br />
além <strong>da</strong> crítica literária francesa. Em 1948, Ricoeur obteve o posto de professor em Estrasburgo<br />
e a partir de 1957 foi professor na Universi<strong>da</strong>de de Paris X. In: Simon BLACKBURN, Paul<br />
Ricoeur, p. 344. J. Ferrater MORA, Paul Ricoeur, p. 2537-2539.