aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
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metafóricos, se satisfizer em viver dentro do seu próprio “casulo” ou quando a mesmi<strong>da</strong>de<br />
prevalece acentua<strong>da</strong>mente sobre a ipsei<strong>da</strong>de. Entendo que a compreensão de si mesmo, <strong>da</strong><br />
própria trajetória e <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong> realmente ocorre quando ela estiver inseri<strong>da</strong> na<br />
relação dialética com as outras pessoas; na relação dialógica de existenciali<strong>da</strong>de, de<br />
interdependência relacional e de correlacionali<strong>da</strong>de com as “questões últimas” do ser<br />
<strong>docente</strong>; na interligação dialética entre mesmi<strong>da</strong>de, ipsei<strong>da</strong>de e alteri<strong>da</strong>de; na descoberta <strong>da</strong><br />
sua inserção no mundo <strong>da</strong>s relações pessoais, sociais e profissionais e na ressignificação e<br />
ressimbolização dos símbolos e mitos fun<strong>da</strong>ntes <strong>da</strong> estrutura de sua identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>.<br />
A aproximação à temática e à sua investigação não é fruto do acaso e nem do<br />
inesperado. Na minha situação pessoal, ela emergiu com maior intensi<strong>da</strong>de quando imergi<br />
mais fundo na minha própria existência e estive diante <strong>da</strong> decisão de ser teólogo-pastor ou<br />
teólogo-professor, seguir em frente na docência e mergulhar na carreira ou manter um pé<br />
em ca<strong>da</strong> vestimenta, a de pastor e a de professor.<br />
Diante disso, pode-se afirmar que a construção <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong> e a reflexão<br />
sobre ela brota e cria corpo e consistência na trajetória pessoal e profissional quando<br />
estiver diretamente relaciona<strong>da</strong> às “questões últimas”, às perguntas fun<strong>da</strong>mentais, à<br />
inquietude existencial <strong>da</strong> pessoa que investiga e aos símbolos e mitos fun<strong>da</strong>ntes que são<br />
constituintes <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>, e quando se permite o questionamento <strong>da</strong> própria<br />
existenciali<strong>da</strong>de. Nessa perspectiva foi possível constatar, na investigação <strong>da</strong>s narrações de<br />
<strong>docente</strong>s sobre sua trajetória, que o processo de ressignificação e ressimbolização se dá<br />
com maior facili<strong>da</strong>de quando se utiliza símbolos e mitos, pois, com seu poder de revelar-<br />
ocultar, eles conectam com as profundezas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> h<strong>uma</strong>na.<br />
O movimento de aproximação é dinâmico e pode ser representado,<br />
metaforicamente, pela imagem <strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s na beira do mar que se aproximam e se afastam e<br />
que sendo mais calmas, trazem “tesouros” do fundo do mar, mas que também podem<br />
arrastar a terra e a areia <strong>para</strong> o mar ou derrubar o “banhista” descui<strong>da</strong>do e desprevenido.<br />
Considerando esta metáfora como elemento de compreensão, podemos afirmar que a<br />
investigação desta temática tem <strong>uma</strong> durabili<strong>da</strong>de permanente. Ela se prolonga enquanto se<br />
mantiver a pergunta pelo sentido de ser <strong>docente</strong>. Ela permanece enquanto a ação <strong>docente</strong><br />
se conservar viva. E assim também é com a ressignificação e ressimbolização de nossos<br />
símbolos e mitos fun<strong>da</strong>ntes. Elas também necessitam do movimento de ir e vir, pois a sua<br />
auto-regulação não se dá imediatamente. Elas necessitam do seu tempo propício e<br />
adequado.