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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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mirar o mesmo espelho e verem-se refletidos no mesmo espelho, percebendo semelhanças<br />

e diferenças.<br />

O processo narrativo <strong>da</strong> sua trajetória pessoal e profissional é, ao mesmo tempo,<br />

<strong>uma</strong> interpretação e <strong>uma</strong> reinterpretação constante, dinâmica e permanente de si mesmo.<br />

Verifiquei que as pessoas que participam <strong>da</strong> mesma dinâmica e com as mesmas figuras<br />

simbólicas por mais de <strong>uma</strong> vez, simbolizam objetos e elementos diferentes. Com isso, foi<br />

possível verificar que a própria simbolização é dinâmica e está diretamente relaciona<strong>da</strong><br />

com os momentos de significação. Os objetos simbólicos, sendo significativos <strong>para</strong> a<br />

pessoa, possuem um sentido oculto, algo ain<strong>da</strong> a ser revelado. A compreensão que está por<br />

trás dos símbolos e dos mitos não se esgota na primeira nem na segun<strong>da</strong> interpretação.<br />

Nessa dimensão pode-se dizer que no fundo do baú sempre restará um resto de sombra;<br />

que por mais que mergulhemos nas profundezas do nosso inconsciente, sempre restará <strong>uma</strong><br />

parte inconsciente. Se assim não fosse, o inconsciente seria eliminado e nós não teríamos<br />

mais memória, restando somente o fato presente. A eliminação do inconsciente é a<br />

eliminação do próprio self e conseqüentemente a anulação do próprio ser. A tarefa do<br />

hermeneuta não é revelar todo o inconsciente, mas manter a dialética do revelar-ocultar.<br />

Narrar a própria história significa também permitir o revelar e o ocultar dos<br />

“objetos intocáveis, deixar transparecer os sentimentos de medo, de culpa, de insegurança,<br />

de impotência frente ao sistema educativo e à macro e microestrutura social, além <strong>da</strong><br />

própria fragili<strong>da</strong>de h<strong>uma</strong>na. Esses sentimentos se manifestam de diferentes formas e<br />

deixam as pessoas de “mãos ata<strong>da</strong>s”; elas ficam “petrifica<strong>da</strong>s” e inertes diante do seu<br />

espelho fosco com imagem turva. Entretanto, a resistência manifesta<strong>da</strong> pelas pessoas<br />

nesses momentos quer ser compreendi<strong>da</strong> como característica <strong>da</strong> mesmi<strong>da</strong>de, em que a<br />

pessoa procura manter-se no tempo e conservar o que traz consigo até o momento. A<br />

resistência deve ser vista como <strong>uma</strong> ação dinâmica e salutar de mesmi<strong>da</strong>de, de<br />

permanência, de conservação, de <strong>uma</strong> ação ativa e não de oposição. Diante desse quadro<br />

encontramos pessoas carregando consigo um sentimento de culpa e de impotência tão forte<br />

que ameaça a existenciali<strong>da</strong>de. Nessa perspectiva, enfrentar a situação adversa significa<br />

assumir a coragem de ser e a coragem de viver.<br />

Nas ativi<strong>da</strong>des educativas em sala de aula, além de usar as dimensões simbólica e<br />

mítica, foi essencial refletir teologicamente sobre a existência h<strong>uma</strong>na e perceber-se na<br />

relação com o Outro, com o Transcendente. Aqui, mais <strong>uma</strong> vez, mostra-se fun<strong>da</strong>mental a<br />

dimensão teológica luterana <strong>da</strong> justificação por graça, em que a compreensão do

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