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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>, devemos cui<strong>da</strong>r <strong>para</strong> não elaborar e projetar <strong>uma</strong> imagem idealiza<strong>da</strong>,<br />

de tal maneira que ela se torne um protótipo a ser imitado. Na imagem ideal, e não no eu<br />

ideal, à qual o indivíduo aspira modelar-se, sacrifica-se muito <strong>da</strong> h<strong>uma</strong>ni<strong>da</strong>de 219 e <strong>da</strong><br />

personali<strong>da</strong>de. Vale aqui lembrar o pensamento de que a imitação é a anulação <strong>da</strong><br />

individuação.<br />

À experiência <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de pertence a experiência <strong>da</strong> continui<strong>da</strong>de: saber que<br />

continuamos nós mesmos como seres em transformação. Isso significa que o processo de<br />

ressignificação e ressimbolização <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong> é, na ver<strong>da</strong>de, o trabalho<br />

pe<strong>da</strong>gógico, e porque não dizer teológico, filosófico e psicológico, de fortalecimento do eu<br />

ideal, <strong>da</strong> expressão do si-mesmo, e não <strong>uma</strong> metamorfose radical <strong>da</strong> pessoa, não é <strong>uma</strong><br />

ruptura e <strong>uma</strong> negação <strong>da</strong> própria história. Estas provocariam <strong>uma</strong> repressão radical do<br />

consciente e <strong>uma</strong> psicose profun<strong>da</strong>. A ruptura, como defendi<strong>da</strong> pelos pós-estruturalistas,<br />

seria um rompimento com os arquétipos, com os símbolos primordiais, significaria <strong>uma</strong><br />

desconexão entre o inconsciente coletivo e o inconsciente pessoal, entre o inconsciente e o<br />

consciente. Supondo, entretanto, a possibili<strong>da</strong>de de <strong>uma</strong> ruptura, ela somente seria possível<br />

na dimensão epistemológica e não n<strong>uma</strong> dimensão que integra a saúde psíquica. Se<br />

considerarmos afirmativa essa possibili<strong>da</strong>de, então, estaríamos argumentando a favor <strong>da</strong><br />

dicotomização <strong>da</strong> pessoa h<strong>uma</strong>na.<br />

O símbolo do si-mesmo – o self – pode se explicado com a metáfora <strong>da</strong> ilha.A terra,<br />

a parte visível a “olho nu”, é o eu - o ego -, o núcleo consciente <strong>da</strong> pessoa. A parte<br />

submersa, na margem <strong>da</strong> ilha seria o inconsciente pessoal, aquilo que está bem próximo do<br />

nosso consciente, aquilo que recentemente trabalhávamos de forma consciente e que não<br />

estaria sendo utilizado no presente momento. As partes submersas mais distantes <strong>da</strong><br />

margem <strong>da</strong> ilha e, portanto, situa<strong>da</strong>s no rumo <strong>da</strong>s águas profun<strong>da</strong>s em torno <strong>da</strong> ilha,<br />

constituiriam o inconsciente coletivo. Metaforicamente poderíamos dizer que a pessoa<br />

segui<strong>da</strong>mente brinca nas margens <strong>da</strong> ilha e, quando mais claras, calmas e transparentes<br />

forem as suas águas, mais agradável, atraente e gratificante será se aproximar delas e,<br />

conseqüentemente, o sentimento de liber<strong>da</strong>de de mergulhar nas águas. Se o brincar for<br />

prazeroso, no sentido de promover equilibração psíquica e melhor conhecimento do si-<br />

mesmo, então, gra<strong>da</strong>tivamente, conseguimos mergulhar nas águas mais profun<strong>da</strong>s. E<br />

quanto maior for a coragem de mergulhar, mais se necessitará de “equipamentos de<br />

mergulho, como tubos de oxigênio, roupas especiais e óculos especiais”.<br />

219 Carl Gustav JUNG, O eu e o inconsciente, § 244.

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