aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
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as pessoas introverti<strong>da</strong>s e extroverti<strong>da</strong>s, <strong>uma</strong> <strong>da</strong>s características será a predominante. E esta<br />
lhe <strong>da</strong>rá as condições <strong>da</strong> mesmi<strong>da</strong>de.<br />
Da mesma forma, trabalhei com a idéia de que ca<strong>da</strong> pessoa poderia conter<br />
características de ca<strong>da</strong> um dos quatro mitos h<strong>uma</strong>nos contemporâneos. Entretanto, neste<br />
ponto, reconheço que é mais difícil conciliar um Fausto com um Carlitos do que Carlitos<br />
com Dom Quixote ou Prometeu. Por outro lado, Carlitos saberá conviver com Fausto com<br />
maior facili<strong>da</strong>de, pois saberá apresentar a crítica com humor e sabedoria. Ele também não<br />
deixará os abutres lhe comerem o fígado, pois os fará rir e se “cansarem de an<strong>da</strong>r em<br />
círculos”. E metaforicamente falando, Carlitos “<strong>da</strong>rá um drible de letra” na situação<br />
desagradável. A predominância ou a exclusivi<strong>da</strong>de de <strong>uma</strong> <strong>da</strong>s figuras míticas na<br />
identi<strong>da</strong>de de algum <strong>docente</strong> significaria o seu isolamento e provavelmente um “morrer<br />
abraçado na sua própria imagem”, assim como um distanciamento radical de qualquer<br />
forma de relacionamento h<strong>uma</strong>no. No contexto <strong>da</strong> instituição de ensino, seria <strong>uma</strong> auto-<br />
exclusão radical, pois, por maior flexibili<strong>da</strong>de que haja, sempre há a necessi<strong>da</strong>de de algum<br />
enquadramento estrutural.<br />
O processo de ressignificação <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong> significa desenvolver a análise<br />
<strong>da</strong> <strong>práxis</strong> educativa <strong>para</strong> compreender e interpretar a reflexão e ação do <strong>docente</strong> e verificar<br />
o quanto os símbolos estruturantes de Narciso e Eco, assim como os de Prometeu, Fausto,<br />
Dom Quixote e Carlitos, estão se sobressaindo, se sobrepondo, de tal maneira que estejam<br />
promovendo o definhamento do corpo <strong>da</strong>s outras pessoas. O processo de ressimbolização<br />
significa compreender e interpretar o seu símbolo predominante na relação íntima e direta<br />
com o símbolo mais próximo e oponente ao seu. O processo de narcisar significa, portanto,<br />
<strong>uma</strong> ressimbolização na relação de alteri<strong>da</strong>de com Eco. Da mesma forma, o processo de<br />
ressimbolizar Eco é reencontrar a possibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> fala, “<strong>da</strong> vez e <strong>da</strong> voz”, agora<br />
“desrochezado”. A ressimbolização implica a descoberta <strong>da</strong> coexistenciali<strong>da</strong>de de Narciso<br />
e Eco. Não é, em nenhum momento, a negação de um em favor <strong>da</strong> superação ou<br />
preservação do outro.<br />
Da mesma forma, a ressimbolização de Prometeu, Dom Quixote, Fausto e Carlitos<br />
se dá na descoberta do valor e <strong>da</strong> importância de ca<strong>da</strong> figura simbólica como símbolo<br />
estruturante de identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong> que não é somente individual, particular, mas que está<br />
diretamente vinculado com a relacionali<strong>da</strong>de do espaço pe<strong>da</strong>gógico e do self grupal; a<br />
descoberta de que as regulações do consciente/inconsciente se dão na dýnamis <strong>da</strong><br />
ipsei<strong>da</strong>de, mesmi<strong>da</strong>de e alteri<strong>da</strong>de. Portanto, a ressimbolização não se dá no isolamento,