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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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Ecleide Furlanetto, ao procurar compreender mais profun<strong>da</strong>mente a trajetória <strong>da</strong><br />

identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>, avalia que é necessário “revisitar conceitos que nos permitiriam<br />

detectar símbolos constelados em nosso caminho” 566 . Relendo o conceito de individuação<br />

de Carl Jung, Furlanetto constata que o resgate <strong>da</strong>s histórias de vi<strong>da</strong> permite entrar em<br />

contato com as vivências significativas <strong>da</strong>s pessoas. Com basea em Ricoeur, pode-se dizer<br />

que o fun<strong>da</strong>mental se dá no processo narrativo, no ouvir e no ler o relato <strong>da</strong> própria pessoa,<br />

pois a narrativa em si já é um processo de ressignificação <strong>da</strong> trajetória de vi<strong>da</strong>. Segundo<br />

Furlanetto, a “posição de cooperação que assume o ego, centro <strong>da</strong> consciência, com a<br />

personali<strong>da</strong>de total, o self, proporciona um sentido de inteireza e <strong>uma</strong> possibili<strong>da</strong>de de<br />

existência mais profun<strong>da</strong>” 567 . Reafirmarmos a idéia de que o processo narrativo <strong>da</strong><br />

trajetória de vi<strong>da</strong> tem a intenção de fortalecer o self de tal forma que seja expressiva e<br />

significativa a dimensão “Eu-Outro”.<br />

Os <strong>docente</strong>s revelam, na maioria <strong>da</strong>s vezes inconscientemente, os mitos que<br />

assumem através <strong>da</strong> sua prática pe<strong>da</strong>gógica, do seu discurso filosófico-pe<strong>da</strong>gógico, <strong>da</strong> sua<br />

postura relacional em relação aos colegas professores e aos alunos, <strong>da</strong> sua metodologia de<br />

ensino, <strong>da</strong> visão do sistema de ensino, <strong>da</strong> sua compreensão de estrutura administrativa, <strong>da</strong><br />

sua compreensão <strong>da</strong> gestão educacional, entre outros aspectos. Entretanto, podemos<br />

afirmar que ca<strong>da</strong> <strong>docente</strong> pode assumir as características de mais de um mito. Da mesma<br />

forma, determinado mito não precisa ser assumido permanentemente. Eles são assumidos e<br />

assim permanecem, enquanto aplacarem os temores e as ansie<strong>da</strong>des h<strong>uma</strong>nas e<br />

corresponderem às projeções, na maioria <strong>da</strong>s vezes, inconscientes do seu ideal educativo, e<br />

enquanto conferirem sentido à sua prática educativa.<br />

Assim como os símbolos existenciais, também os mitos não deixam de ter sentido<br />

mítico por vontade arbitrária <strong>da</strong>s pessoas. Eles só deixam de ter significado mítico e função<br />

estruturante quando não mais corresponderem às necessi<strong>da</strong>des h<strong>uma</strong>nas. Ao mesmo tempo,<br />

é necessário afirmar que ca<strong>da</strong> <strong>docente</strong> carrega consigo, de <strong>uma</strong> forma ou outra, algum mito<br />

ou alguns mitos. Eles estão presentes na vi<strong>da</strong> de ca<strong>da</strong> pessoa.<br />

A compreensão de mitos e sua importância <strong>para</strong> a existência h<strong>uma</strong>na é um dos<br />

elementos importantes <strong>para</strong> <strong>uma</strong> <strong>hermenêutica</strong> <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>, pois auxilia a<br />

conhecer e a interpretar a própria docência em si, a <strong>práxis</strong> educativa e a identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>.<br />

565 Id., ibid., p. 104-105.<br />

566 Ecleide FURLANETTO, A formação de professores: aspectos simbólicos de <strong>uma</strong> pesquisa<br />

interdisciplinar, p. 72.<br />

567 Id., ibid., p. 73.

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