12.04.2013 Views

aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

281<br />

nem no espelho enclausurado, nem no baú fechado. Ela se dá na narrativa comunitária,<br />

pois ninguém narra <strong>para</strong> si mesmo. Ao narrar, a pessoa está em atitude dialógica com as<br />

outras pessoas e, no diálogo, se acolhe e se doa, se realiza a mesmi<strong>da</strong>de e a ipsei<strong>da</strong>de. E<br />

sem a ipsei<strong>da</strong>de não é possível desenvolver a dialogici<strong>da</strong>de.<br />

Na reflexão desenvolvi<strong>da</strong> no diálogo direto e em ativi<strong>da</strong>des de formação continua<strong>da</strong><br />

de <strong>docente</strong>s, percebe-se que há inúmeros <strong>docente</strong>s em litígio com a sua ativi<strong>da</strong>de e consigo<br />

mesmos, pois se encontram em conflito com o mito do seu símbolo estruturante. Esse<br />

conflito nem sempre é consciente, mas revela, na maioria <strong>da</strong>s vezes, um sentimento de<br />

desconforto com a imagem simbólica assumi<strong>da</strong> e, ao mesmo tempo, <strong>uma</strong> tentativa de<br />

“purificação” <strong>da</strong>s imagens simbólicas dos mitos não considerados, moralmente, os mais<br />

adequados e aconselháveis. Isto quer dizer que, muitas vezes, se faz <strong>uma</strong> classificação dos<br />

mitos recomendáveis a partir de protótipos idealizados e projeções utópicas. Procura-se<br />

vestir <strong>uma</strong> persona diante deste sentimento, oculto e revelado, e assumir <strong>uma</strong> outra<br />

identi<strong>da</strong>de. Essa posição é como a situação de alguém que veste <strong>uma</strong> roupa pequena ou<br />

grande demais. A pessoa fica desconfortável dentro dela e precisa “desvestir-se”. A<br />

persistência <strong>da</strong> situação cria ain<strong>da</strong> mais desconforto e mal-estar.<br />

O conflito gerado por este desconforto ou inadequação é salutar na constituição <strong>da</strong><br />

identi<strong>da</strong>de, pois é sinal de que está ocorrendo um processo de auto-regulação e de<br />

construção <strong>da</strong> relação entre consciente/inconsciente. Por outro lado, compreendendo a<br />

construção <strong>da</strong> personali<strong>da</strong>de, na concepção junguiana, como algo dinâmico e em constante<br />

configuração e reconfiguração, isto significa que o conflito pode ocorrer em mais de <strong>uma</strong><br />

ocasião na vi<strong>da</strong>. Ele poderá ser retomado diante de novos contextos de trabalho, de<br />

relações profissionais e pessoais, quando ocorrerem novos ajustes do<br />

consciente/inconsciente e o “baú <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>” retomar a dinâmica de “abrir e fechar”, de<br />

“revelar-se e ocultar-se”. Contudo, à medi<strong>da</strong> que esse movimento dinâmico se repetir,<br />

falando metaforicamente, a “engrenagem, a dobradiça” do baú torna-se mais lubrifica<strong>da</strong> e<br />

o seu movimento mais suave<br />

A ressignificação significa a aceitação <strong>da</strong> não-necessi<strong>da</strong>de de “purificação” ou<br />

demitologização pessoal do símbolo estruturante, e a compreensão de que nossa identi<strong>da</strong>de<br />

<strong>docente</strong> é constituí<strong>da</strong> de imagens e mitos simbólicos que dão consistência e sentido à nossa<br />

<strong>práxis</strong> educativa.<br />

Portanto, à medi<strong>da</strong> que se desencadea o movimento dinâmico de compreender a si<br />

mesmo, desenvolve-se a recuperação do sentido de ser. À medi<strong>da</strong> que aju<strong>da</strong>mos as pessoas

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!