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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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metodologias e técnicas de trabalho de acordo com a necessi<strong>da</strong>de de desenvolvimento dos<br />

seus alunos, permitindo um processo de reeducação relacional. Num processo mais<br />

desenvolvido de conhecimento de si mesmo e do outro, em que a dobradiça do baú já não<br />

esteja mais enferruja<strong>da</strong>, seria possível <strong>uma</strong> regulação comunitária, em que mestre e<br />

aprendiz se diriam mutuamente o quanto um está impedindo o outro de se manifestar e o<br />

quanto está ocorrendo predominância excessiva de um em relação ao outro.<br />

Carlos Byington 582 desenvolve <strong>uma</strong> importante relação reflexiva entre a polari<strong>da</strong>de<br />

“narcisismo-ecoísmo” expressa no mito de Narciso e Eco e a prática pe<strong>da</strong>gógica. Ele situa<br />

essa polari<strong>da</strong>de no âmbito do arquétipo “mestre-aprendiz”. Na sua opinião, “há pessoas<br />

com dominância narcísica na personali<strong>da</strong>de, outras com clara predominância ecoísta”.<br />

Entretanto, por serem considera<strong>da</strong>s características arquetípicas, Byington afirma que<br />

“todos temos as duas polari<strong>da</strong>des”. Byington utiliza o mesmo referencial reflexivo <strong>da</strong>s<br />

atitudes tipológicas <strong>da</strong> natureza h<strong>uma</strong>na elaborado por Jung: <strong>da</strong> introversão e <strong>da</strong><br />

extroversão. As duas tipologias não são excludentes.<br />

Conforme a linha de pensamento de Jung, to<strong>da</strong>s as pessoas possuem as<br />

características introverti<strong>da</strong> e extroverti<strong>da</strong>, sendo que a que se sobressai é considera<strong>da</strong><br />

superior e inferior a que menos transparece. A classificação de superior e inferior não é<br />

entendi<strong>da</strong> como <strong>uma</strong> escala de valores, mas como <strong>uma</strong> dimensão de maior ou menor<br />

evidência. N<strong>uma</strong> reinterpretação dessa tipologia junguiana, considerando a dýnamis dos<br />

arquétipos, considero que as pessoas possuem as duas atitudes, sendo que <strong>uma</strong> delas se<br />

manifesta de acordo com as condições e as necessi<strong>da</strong>des pessoais, conscientes e<br />

inconscientes, podendo, dessa maneira, a mesma pessoa manifestar-se extroverti<strong>da</strong>mente e,<br />

num outro espaço e com outras pessoas, apresentar-se introverti<strong>da</strong>mente. Transpondo <strong>para</strong><br />

a reflexão sobre as atitudes narcísicas e ecoístas, podemos dizer que, dependendo de<br />

espaços, época, contexto e processos relacionais de acolhi<strong>da</strong> ou rejeição, a pessoa se<br />

manifestará mais narcisicamente ou mais ecoistamente.<br />

Há professores que, na sua <strong>práxis</strong> educativa, apresentam fortes traços de <strong>uma</strong><br />

tipologia narcísica. O seu narcisismo se evidencia: na auto-suficiência, auto-estima e<br />

autoconfiança eleva<strong>da</strong>s, no prazer de falar em público, no prazer de “segurar um<br />

microfone”, na desenvoltura de <strong>da</strong>r aula, na defesa acirra<strong>da</strong> <strong>da</strong>s suas idéias, na forte<br />

valorização do seu trabalho, na confiança no seu próprio pensamento e intuição, na<br />

preservação <strong>da</strong> autonomia de pensamento, na centralização <strong>da</strong> ação em torno <strong>da</strong> sua<br />

582 Carlos BYINGTON, Pe<strong>da</strong>gogia simbólica, p. 119-121.

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