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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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pós-doutores recusando-se a <strong>da</strong>r aula na graduação ou a realizar outras ativi<strong>da</strong>des<br />

considera<strong>da</strong>s menos dignas. O contato dessas pessoas, por exemplo, com a educação básica<br />

torna-se impossível, pois se argumentaria que seria um desperdício, um mau uso de <strong>uma</strong><br />

mão-de-obra qualifica<strong>da</strong>.<br />

Outro comportamento narcísico no âmbito do ensino é a relação que o professor<br />

estabelece entre o saber e o fazer, entre o conhecer e o ensinar. Uma boa parte de <strong>docente</strong>s<br />

acham que basta conhecer um conteúdo <strong>para</strong> saber ensiná-lo e, conseqüentemente, não<br />

admitem <strong>uma</strong> avaliação do seu desempenho <strong>docente</strong> nem a sua metodologia de ensino. O<br />

sentimento de auto-suficiência do conhecimento é transferido <strong>para</strong> o sentimento de auto-<br />

suficiência do saber ensinar. Esses professores demonstram <strong>uma</strong> grande resistência <strong>para</strong><br />

acolher sugestões <strong>para</strong> melhorar a sua prática educativa.<br />

O professor Narciso apresenta dificul<strong>da</strong>de em ensinar. Byington é enfático ao<br />

afirma que o professor Narciso é “incapaz de construir o ensino com seus alunos”. Isto<br />

significa que esse professor tem a intenção de ensinar, mas o aluno não consegue aprender,<br />

pois há <strong>uma</strong> diferença entre ensinar e aprender. Nem sempre o estu<strong>da</strong>nte aprende quando<br />

há um ato de ensino. Esse tipo de professor tem dificul<strong>da</strong>de de reconhecer <strong>uma</strong> pessoa<br />

criativa, pois atua na direção de formar copiadores e repetidores.<br />

Há <strong>docente</strong>s que se indignam quando lêem trabalhos de estu<strong>da</strong>ntes que estão<br />

repletos de transcrições de livros ou que não apresentam nenh<strong>uma</strong> clara argumentação<br />

pessoal do pensamento, mas não percebem que os estu<strong>da</strong>ntes fazem isto por terem se<br />

tornado ecoístas, ecoadores <strong>da</strong>s falas de seus mestres. E neste caso, às vezes, o estu<strong>da</strong>nte é<br />

avaliado severamente, quando, de fato, o professor precisaria fazer <strong>uma</strong> avaliação crítica<br />

do seu próprio desempenho <strong>docente</strong> e <strong>da</strong> sua própria postura metodológica. Ou seja, o<br />

estu<strong>da</strong>nte somente ecoa quando o seu corpo está definhando. O eco, nesses casos, é um<br />

grito de sinal de vi<strong>da</strong> e, ao mesmo tempo, um protesto contra o definhamento.<br />

Não há somente estu<strong>da</strong>ntes ecoístas. Há também <strong>docente</strong>s ecoístas. Os <strong>docente</strong>s<br />

ecoístas são aqueles que, após terem assimilado determinado conteúdo, ecoam<br />

constantemente o mesmo som. São aqueles que, após planejarem e aplicarem um<br />

determinado conteúdo, repetem sempre o mesmo planejamento, utilizando as mesmas<br />

dinâmicas, os mesmos recursos, a mesma metodologia. O conteúdo praticamente não varia.<br />

No círculo de professores, esses colegas são classificados como sendo os “famosos<br />

professores do caderno amarelo”, pois as suas páginas brancas já amarelaram com o tempo<br />

e as bor<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s suas anotações estão permanentemente molha<strong>da</strong>s, de tanto serem folhea<strong>da</strong>s.

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