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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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reflexivo e existencial se abre quando se estabelece conexões com figuras simbólicas e<br />

míticas, quando as pessoas passam a narrar as suas construções cognitivas e quando se<br />

elabora um mundo possível e habitável. Ricoeur afirma que “compreender um texto é<br />

seguir o seu movimento do sentido <strong>para</strong> a referência, <strong>da</strong>quilo que ele diz <strong>para</strong> aquilo de que<br />

fala” 558 .<br />

Paul Ricoeur afirma que o movimento dialético entre explicar e compreender tem<br />

um caráter poderosamente <strong>para</strong>digmático e sublinha três dimensões <strong>para</strong>digmáticas 559 : a) a<br />

explicação não está limita<strong>da</strong> à interpretação dos signos lingüísticos, “mas estende-se a<br />

to<strong>da</strong>s as espécies de signos”; b) a apropriação deve perder o seu “caráter psicológico e<br />

subjetivo <strong>para</strong> revestir <strong>uma</strong> função propriamente epistemológica” e ter presente a dimensão<br />

<strong>da</strong> Umwelt; c) a interpretação profun<strong>da</strong> não pode “ser compreendi<strong>da</strong> sem um compromisso<br />

pessoal semelhante ao do leitor em luta com a semântica profun<strong>da</strong> do texto <strong>para</strong> a tornar<br />

‘sua’”. Na sua análise, Ricoeur afirma que a solução <strong>da</strong> interpretação profun<strong>da</strong> “não é<br />

negar o papel do compromisso pessoal na compreensão dos fenômenos h<strong>uma</strong>nos, mas<br />

precisá-lo”.<br />

Na presente reflexão sobre identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong> é impossível negar a dimensão <strong>da</strong><br />

leitura pessoal e até do comprometimento pessoal na interpretação do texto e <strong>da</strong>s narrativas<br />

simbólicas, míticas e <strong>da</strong> trajetória de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s pessoas. A narração é acompanha<strong>da</strong> de <strong>uma</strong><br />

Umwelt, de <strong>uma</strong> situação existencial na qual a pessoa está inseri<strong>da</strong> e <strong>da</strong> qual ela parte <strong>para</strong><br />

realizar a sua leitura do texto e do mundo. Na sua dimensão epistemológica, Paulo Freire<br />

utiliza o conceito “grávi<strong>da</strong>s de mundo”. Ou seja, as narrações estão permea<strong>da</strong>s de vi<strong>da</strong> e<br />

não somente de fatos e nem sempre os signos lingüísticos conseguem representar tudo que<br />

está por detrás <strong>da</strong>s representações narrativas. Uma tarefa central de quem coordena a<br />

ativi<strong>da</strong>de de narração <strong>da</strong> <strong>práxis</strong> educativa é auxiliar o narrador a explicitar com clareza o<br />

que pensa e fun<strong>da</strong>mentalmente o processo <strong>da</strong> construção do pensamento e <strong>da</strong> interpretação.<br />

Paul Ricoeur afirma:<br />

558 Id., ibid., p. 209.<br />

559 Id., ibid., p. 209-211.<br />

Como mostra o modelo de interpretação textual, a compreensão não<br />

consiste na apreensão imediata de <strong>uma</strong> vi<strong>da</strong> psíquica estranha ou na<br />

identificação emocional com <strong>uma</strong> intenção mental. A compreensão é<br />

inteiramente mediatiza<strong>da</strong> pelo conjunto de procedimentos explicativos<br />

que ela precede e acompanha. A contraparti<strong>da</strong> desta apropriação pessoal<br />

não é alg<strong>uma</strong> coisa que possa ser senti<strong>da</strong>: é a significação dinâmica

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