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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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269<br />

CAPÍTULO XV<br />

MITOS CONTEMPORÂNEOS<br />

Humberto Braga, seguindo igualmente <strong>uma</strong> perspectiva junguiana <strong>da</strong> análise de<br />

mitos e <strong>da</strong> compreensão <strong>da</strong> psique h<strong>uma</strong>na, desenvolve <strong>uma</strong> reflexão em torno de quatro<br />

mitos h<strong>uma</strong>nos. Ele afirma que “Prometeu, Dom Quixote, Fausto e o Eterno Vagabundo<br />

são símbolos de algo maior do que o homem comum e é isso que lhes assegura a grandeza<br />

e a pereni<strong>da</strong>de” 587 . Ele mescla personagens contemporâneos 588 e antigos. Na sua visão, em<br />

todos estes quatro mitos “há a incrível fé no homem e crença na vi<strong>da</strong>” e conclui que eles<br />

“não são representativos do ser h<strong>uma</strong>no comum, por isso são mitos. Não se a<strong>da</strong>ptam no seu<br />

ambiente social.”<br />

Considerando esta interpretação de Braga, pode-se dizer que as pessoas<br />

identifica<strong>da</strong>s com estes quatro mitos não se enquadram facilmente no contexto do ambiente<br />

escolar. Elas têm dificul<strong>da</strong>de de a<strong>da</strong>ptação. A tendência racional, pragmática e burocrática<br />

seria a de sua eliminação, a exclusão do ambiente escolar. Ou então se faria o esforço de<br />

efetuar a sua “conversão”, a sua “correção” e o seu adestramento <strong>para</strong> que entrassem no<br />

espírito do grupo de trabalho, na filosofia de trabalho institucional e colaborassem com o<br />

projeto político pe<strong>da</strong>gógico <strong>da</strong> instituição de ensino.<br />

A melhor contribuição que as pessoas dessa tipologia podem <strong>da</strong>r à educação não é a<br />

sua subjugação, mas justamente a a<strong>da</strong>ptação à manutenção dessas suas características. Ou<br />

seja: devem procurar estabelecer um equilíbrio entre a mesmi<strong>da</strong>de e a ipsei<strong>da</strong>de na<br />

correlação com o outro, ser o si-mesmo na relação com o eu-outro. Pode-se dizer que a<br />

ressignificação e ressimbolização deveria ocorrer principalmente com aqueles que li<strong>da</strong>m e<br />

convivem com essas pessoas. O seu olhar e sua análise deveriam ser ressignificados, de tal<br />

maneira que se descobrisse a relevância <strong>da</strong> manifestação e <strong>da</strong> presença dessa tipologia no<br />

ambiente educativo. Para essas pessoas, seria um processo de reeducação nas relações.<br />

587 Humberto BRAGA, Quatro grandes mitos h<strong>uma</strong>nos, p. 17.<br />

588 Ian WATT, na obra Mitos do individualismo moderno, faz <strong>uma</strong> análise contemporânea de<br />

Fausto, Dom Quixote, Dom Juan e Robinson Crusoé, situando-os no espírito individualista <strong>da</strong><br />

moderni<strong>da</strong>de.

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