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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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professor” 127 . Apesar do “considerar-se”, devemos reconhecer que há <strong>docente</strong>s do ensino<br />

superior que possuem pouco conhecimento, ou quase nenhum, <strong>da</strong>s teorias <strong>da</strong>s ciências <strong>da</strong><br />

educação. 128 Isso significa que <strong>uma</strong> formação pe<strong>da</strong>gógica de 45 a 60 horas <strong>para</strong> <strong>docente</strong>s<br />

do ensino superior não proporciona <strong>uma</strong> real formação, mas só possibilita <strong>uma</strong> breve<br />

introdução metodológica à <strong>práxis</strong> educativa. Essa carga horária <strong>para</strong> <strong>uma</strong> formação <strong>da</strong><br />

docência do ensino superior deveria ser considera<strong>da</strong> como pseudo-formação. Os<br />

professores de educação básica, apesar de receberem <strong>uma</strong> carga letiva maior no campo <strong>da</strong>s<br />

ciências <strong>da</strong> educação, são prejudicados pela abor<strong>da</strong>gem tecnicista que prevalece nos cursos<br />

de licenciatura ou pelo caráter de bacharelato próprio deles. Esses aspectos críticos <strong>da</strong><br />

formação do professor dificultam a constituição ou configuração de <strong>uma</strong> formação<br />

reflexiva sobre a educação, pois o professor não desenvolve um pensar sobre a educação.<br />

Na melhor <strong>da</strong>s hipóteses, há <strong>uma</strong> reprodução de informações e conhecimentos acumulados<br />

pela tradição pe<strong>da</strong>gógica, sem que eles, contudo, tenham sido devi<strong>da</strong>mente assimilados e<br />

acomo<strong>da</strong>dos.<br />

Considerando <strong>uma</strong> perspectiva <strong>hermenêutica</strong> e reflexiva, ou <strong>hermenêutica</strong> reflexiva,<br />

devemos apontar <strong>para</strong> o perigo de o <strong>docente</strong> permanecer somente na análise reflexiva e não<br />

penetrar na ressignificação <strong>da</strong> sua própria identi<strong>da</strong>de a partir de <strong>uma</strong> compreensão de si-<br />

mesmo. A análise racionalista poderá produzir um amplo e consistente diagnóstico <strong>da</strong><br />

reali<strong>da</strong>de educativa, resultando n<strong>uma</strong> alteração <strong>da</strong>s práticas, dos métodos, dos conteúdos,<br />

mas não <strong>da</strong> essência. Por que essência? Porque se não mexermos na estrutura identitária, os<br />

antigos mitos, símbolos e arquétipos permanecerão se manifestando <strong>da</strong> mesma forma e<br />

com os mesmos conteúdos anteriores. Esses precisam ser ressimbolizados <strong>para</strong> que haja<br />

<strong>uma</strong> real transformação. No intelectual orgânico é possível, às vezes, encontrar a persona,<br />

que se afasta do seu mundo original e se transveste <strong>para</strong>, posteriormente, retomar a sua<br />

vestimenta básica.<br />

Apesar desse eventual perigo racionalista, é importante resgatar a fala de Svi<br />

Shapiro, o qual declara que<br />

<strong>uma</strong> pe<strong>da</strong>gogia crítica exige <strong>uma</strong> dialética entre a <strong>hermenêutica</strong> <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />

dos indivíduos e a narrativa explicativa de um quadro de referência<br />

teórico crítico. 129<br />

127 Id., ibid., p. 71.<br />

128 José Carlos LIBÂNEO, Educação: pe<strong>da</strong>gogia e didática, p. 83. Neste texto, Libâneo apresenta<br />

quatro concepções a respeito <strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong>des de organização do conhecimento pe<strong>da</strong>gógico (p.<br />

81-87).<br />

129 Svi SHAPIRO, O fim <strong>da</strong> esperança radical? O pós-modernismo e o desafio à pe<strong>da</strong>gogia crítica,<br />

p. 115.

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