aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
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Byington salienta que é importante o <strong>docente</strong> conhecer as características de Narciso<br />
e de Eco e saber “quando deve ser Narciso, quando Eco” 585 . Isto significa, como já foi dito<br />
acima, aprender a conviver com ambos. Ou em outros termos, saber ser ecoísta apesar de<br />
Narciso e ser narcísico apesar de Eco. Aqui se estabelece <strong>uma</strong> relação de reciproci<strong>da</strong>de de<br />
papéis, em que às vezes se atua como professor e outras vezes como aluno. Ao mestre cabe<br />
discernir com sabedoria o momento propício <strong>para</strong> ser Narciso e <strong>para</strong> ser Eco. Podemos<br />
afirmar que, no fundo, todo <strong>docente</strong> deveria apresentar <strong>uma</strong> certa dose de Narciso. Sem<br />
esse elemento, o <strong>docente</strong> não acreditaria no seu próprio trabalho, não apreciaria o que faz,<br />
não estaria satisfeito com o produto do seu trabalho, não se auto-valorizaria, não teria <strong>uma</strong><br />
auto-estima saudável, não teria amor-próprio, aceitaria as críticas sem se defender. Em<br />
outras palavras, poderíamos dizer que o <strong>docente</strong> só tem condições de sobrevivência<br />
profissional se souber conviver com <strong>uma</strong> saudável dose de narcisismo.<br />
Por outro lado, todo <strong>docente</strong> deveria possuir <strong>uma</strong> dose saudável de ecoísmo. Sem<br />
essa característica, o <strong>docente</strong> teria dificul<strong>da</strong>de de sistematizar a reflexão <strong>da</strong>s outras pessoas,<br />
teria dificul<strong>da</strong>de de relacionamento, não saberia ouvir idéias alheias e acolher sugestões e<br />
críticas, não teria atitudes humildes e, ao mesmo tempo, não seria humilhado nem o seu<br />
corpo definharia.<br />
Portanto, na formação continua<strong>da</strong> de <strong>docente</strong>s é importante aju<strong>da</strong>r as pessoas a<br />
encontrar um ponto de equilíbrio saudável na relação e na coexistência de Narciso e Eco na<br />
mesma pessoa.<br />
Byington afirma que “mais importante do que saber a matéria é sentir o momento<br />
apropriado de ecoar ou de narcisar” e conclui que “n<strong>uma</strong> pe<strong>da</strong>gogia simbólica, a intenção<br />
primária não é rechear de coisas a cabeça dos alunos e sim a formação intelectual,<br />
emocional e existencial de pessoas” 586 . Nós podemos acrescentar que o fun<strong>da</strong>mental nesse<br />
processo de formação é o conhecimento de si mesmo, o fortalecimento do self grupal e a<br />
recuperação do sentido de ser professor.<br />
O processo de equilíbrio <strong>da</strong> polari<strong>da</strong>de “Narciso-Eco”, <strong>da</strong> sabedoria de ecoar e<br />
narcisar, só se dá n<strong>uma</strong> expressiva e forte ação dialógica e comunitária, em que o espaço<br />
<strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de pe<strong>da</strong>gógica desenvolve processos de diálogos sinceros e transparentes; em<br />
que o corpo não definha, pois não há a recusa <strong>da</strong> fala e nem do ser; em que se valoriza o<br />
pensamento de ca<strong>da</strong> pessoa; em que “a vez e a voz” <strong>da</strong>s pessoas já estão resgata<strong>da</strong>s; em<br />
585 Carlos BYINGTON, Pe<strong>da</strong>gogia simbólica, p. 120.<br />
586 Carlos BYINGTON, Pe<strong>da</strong>gogia simbólica, p. 120.