12.04.2013 Views

aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

89<br />

Há, portanto, sempre algum caráter subjetivo em to<strong>da</strong> e qualquer dimensão pretensamente<br />

objetiva.<br />

Verena Kast, refletindo sobre o conceito de símbolos em Jung, declara que os<br />

“símbolos não falam tanto ao nosso intelecto, mas muito mais ao nosso pensamento<br />

integral, à nossa relação com <strong>uma</strong> reali<strong>da</strong>de invisível, que também nos transcende” 195 . O<br />

irracional deve fazer parte <strong>da</strong> ciência e esta não deve extirpá-lo, pois a psique integra o<br />

racional e o irracional. 196 Portanto, refletir sobre os símbolos somente a partir de <strong>uma</strong><br />

racionali<strong>da</strong>de lógica seria limitador e restritivo e não veria nem a pessoa e nem o seu<br />

pensamento n<strong>uma</strong> integrali<strong>da</strong>de e, conseqüentemente, não perceberia a própria<br />

existenciali<strong>da</strong>de e transcendentali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> questão simbólica.<br />

É fun<strong>da</strong>mental ver o pensamento de Jung:<br />

Além <strong>da</strong> operação do intelecto, há também um pensamento nas imagens<br />

primordiais, nos símbolos, que são mais antigos do que o homem<br />

histórico e nascidos com ele desde os tempos mais antigos e, eternamente<br />

vivos, sobrevivem a to<strong>da</strong>s as gerações e constituem os fun<strong>da</strong>mentos <strong>da</strong><br />

nossa alma. 197<br />

4.2. Símbolo – dimensão projetiva e atitude simbolizadora<br />

Carl Jung não considera o símbolo como <strong>uma</strong> alegoria ou mero sinal, mas como<br />

<strong>uma</strong> “imagem que descreve de melhor maneira possível a natureza do espírito<br />

obscuramente pressenti<strong>da</strong>” 198 . Em outras palavras, podemos dizer que o inconsciente se<br />

utiliza<strong>da</strong> <strong>da</strong>s imagens simbólicas <strong>para</strong> tornar-se conhecido, <strong>para</strong> revelar-se ao consciente. O<br />

símbolo é <strong>uma</strong> expressão polissêmica desenvolvi<strong>da</strong> pelo próprio inconsciente. 199 Falando<br />

dessa forma, afirmamos que os símbolos, assim como os mitos, têm vi<strong>da</strong> própria, não por<br />

constituírem <strong>uma</strong> vi<strong>da</strong> sobreposta à vi<strong>da</strong> de <strong>uma</strong> pessoa, mas por sua dimensão arquetípica<br />

e por seu caráter de antigüi<strong>da</strong>de histórica. Os símbolos e os mitos não estão atrelados ao<br />

bel-prazer do consciente e à vontade <strong>da</strong> pessoa. Mais do que dizer que eles têm <strong>uma</strong><br />

autonomia, poderíamos pensar que eles têm <strong>uma</strong> dimensão de interdependência com o<br />

inconsciente, tanto coletivo quanto pessoal. É através <strong>da</strong>s imagens simbólicas que se torna<br />

194 Id., ibid., § 265ss.<br />

195 Verena KAST, A dinâmica dos símbolos, p. 23.<br />

196 Carl Gustav JUNG, A natureza <strong>da</strong> psique, § 600; ID., Estudos sobre psicologia analítica, § 111.<br />

197 Carl Gustav JUNG, A natureza <strong>da</strong> psique, § 794.<br />

198 Id., ibid., § 644.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!