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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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possível conhecer o inconsciente coletivo. Verena Kast 200 afirma que experienciamos<br />

símbolos nas imagens oníricas, em fantasias, em metáforas poéticas, em contos de fa<strong>da</strong>, em<br />

mitos, na arte e poderíamos acrescentar ain<strong>da</strong>, na linguagem dramática, na música e na<br />

metáfora narrativa.<br />

Devido o seu caráter de obscuri<strong>da</strong>de, vinculado ao inconsciente, o símbolo não é<br />

totalmente interpretável nem se revela plenamente. Ao revelar algo do inconsciente, ele<br />

sempre mantém algo oculto; ele não se torna totalmente conhecido nem plenamente<br />

interpretado. Este caráter de ocultabili<strong>da</strong>de possibilita <strong>uma</strong> dinamici<strong>da</strong>de e <strong>uma</strong><br />

renovabili<strong>da</strong>de, isto é, o mesmo símbolo não se revela <strong>da</strong> mesma forma pela qual já tenha<br />

se revelado anteriormente, mesmo que seja a mesma imagem simbólica e <strong>uma</strong> mesma<br />

linguagem. Pois, n<strong>uma</strong> segun<strong>da</strong> ocasião, n<strong>uma</strong> segun<strong>da</strong> manifestação, o consciente se<br />

apropria do símbolo de forma diferente. Na segun<strong>da</strong> ocasião, o consciente já interagiu com<br />

o mesmo e, dessa forma, desenvolve um processo interpretativo. Podemos também afirmar<br />

que o “inconsciente jamais se acha em repouso, no sentido de permanecer inativo, mas está<br />

sempre empenhado em agrupar e reagrupar seus conteúdos” 201 . E nesses processos de<br />

reagrupar se dão novas configurações às características e às formas de manifestação dos<br />

símbolos. Estes, no decorrer <strong>da</strong> história, também vão agregando novos elementos, sem<br />

alterar o núcleo central.<br />

A própria manifestação do símbolo, assim como do mito, tem um momento<br />

propício <strong>para</strong> manifestar-se, tem um tempo de origem, um tempo de floração e um tempo<br />

de perecimento. 202 O símbolo não se manifesta se não tiver alg<strong>uma</strong> correlação com<br />

situações existenciais ou alg<strong>uma</strong> relação com elementos <strong>da</strong> personali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> pessoa. O<br />

simbolismo junguiano não é entendido <strong>da</strong> mesma forma que a concepção causal de Freud<br />

que entendia o simbolismo do sonho como manifestação de <strong>uma</strong> aspiração recalca<strong>da</strong> ou<br />

um desejo reprimido. 203 Entretanto, mais do que essa diferença em relação ao pensamento<br />

freudiano, é importante destacar, segundo a interpretação de Verena Kast, que os símbolos<br />

“mantêm a sua importância por certo tempo; (...) em algum momento, eles passam <strong>para</strong><br />

segundo plano e outros tornam-se mais importantes” 204 . Isso significa que determina<strong>da</strong><br />

imagem simbólica ou narrativa mítica contém um significado simbólico ou mítico n<strong>uma</strong><br />

199 Carl Gustav JUNG, A vi<strong>da</strong> simbólica, § 92.<br />

200 Verena KAST, A dinâmica dos símbolos, p. 20.<br />

201 Carl Gustav JUNG, O eu e o inconsciente, § 204.<br />

202 Verena KAST, A dinâmica dos símbolos, p. 21s.<br />

203 Carl Gustav JUNG, A natureza <strong>da</strong> psique, § 470.<br />

204 Verena KAST, A dinâmica dos símbolos, p. 21.

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