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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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203<br />

autoconhecimento é um expediente terapêutico que implica, muitas<br />

vezes, num [sic] trabalho árduo que pode se estender por um largo espaço<br />

de tempo. 443<br />

As situações marcantes e os símbolos fun<strong>da</strong>ntes de <strong>uma</strong> identi<strong>da</strong>de pessoal e<br />

profissional passam a ser percebi<strong>da</strong>s no momento em que se proporciona um processo de<br />

“mirar-se no espelho”, se oportuniza a reconstrução <strong>da</strong> memória significante, se<br />

desenvolve <strong>uma</strong> retrospecção narrativa <strong>da</strong> trajetória pessoal e <strong>uma</strong> perspectiva futura de<br />

ações significativas. Nem sempre o processo de ressignificação ocorre no tempo e no<br />

espaço em que se deseja e nem quando se provoca <strong>uma</strong> dinâmica de ressignificação e<br />

ressimbolização. Por isso, as dinâmicas de operacionalização simbólica devem permitir a<br />

toma<strong>da</strong> de consciência <strong>da</strong>s transformações pessoais. Ao mesmo tempo, na maioria <strong>da</strong>s<br />

vezes, as transformações só são percebi<strong>da</strong>s quando já efetuaram mu<strong>da</strong>nças ou quando estão<br />

em pleno processo de ressimbolização e não no momento em que se inicia o processo.<br />

Entretanto, reconhecemos que a autonomia de significação <strong>da</strong> pessoa é relativa, pois ela é<br />

provoca<strong>da</strong> e desafia<strong>da</strong> e as lembranças significativas são “desperta<strong>da</strong>s” e conecta<strong>da</strong>s com o<br />

consciente pessoal.<br />

Carl Gustav Jung afirma que os “conteúdos psíquicos transpessoais não são inertes<br />

ou mortos” 444 . Eles permanecem no inconsciente pessoal e operam transformações nas<br />

pessoas na mesma proporção em que as vivências marcantes se tornam símbolos<br />

fun<strong>da</strong>ntes, pois se incorporam à construção <strong>da</strong> personali<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> pessoa. Os<br />

símbolos fun<strong>da</strong>ntes, conforme Jung, “não podem ser manipulados à vontade” 445 . Os<br />

processos de significações e de mu<strong>da</strong>nças não são manipuláveis pela pessoa proponente de<br />

<strong>uma</strong> dinâmica e nem pelo consciente pessoal. Ou seja, eles não estão sujeitos e nem<br />

atrelados à vontade <strong>da</strong> pessoa e nem estão presos à vontade do consciente pessoal como se<br />

fosse um fichário no qual se acessa quando bem se deseja. É essa independência e esse<br />

movimento de ação dinâmica dos símbolos fun<strong>da</strong>ntes que se encontram no inconsciente<br />

que cria a possibili<strong>da</strong>de de autonomia <strong>da</strong> pessoa e permite que ela se torne sujeita de si<br />

mesma.<br />

No processo de mexer e remexer o baú há pessoas que têm receio de tocar nos<br />

pontos obscuros e escuros, de iluminar os cantos, as sombras do baú, pois podem revelar<br />

marcas dolori<strong>da</strong>s. Jung afirma que o “indivíduo inconsciente, ou seja, a sombra, não é<br />

constituí<strong>da</strong> apenas de tendências moralmente repreensíveis, mas apresenta um certo<br />

443 Carl Gustav JUNG, AION – estudos sobre o simbolismo do si-mesmo, § 14.<br />

444 Carl Gustav JUNG, O eu e o inconsciente, §230.

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