aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
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professor com a de um jardineiro que “presta atenção singular a ca<strong>da</strong> planta de seu jardim”.<br />
Isto significa que a ação de ensino se torna singular <strong>para</strong> um ou mais estu<strong>da</strong>ntes quando<br />
eles forem atingidos na sua singulari<strong>da</strong>de. Por isto, a ação significativa não está<br />
estabeleci<strong>da</strong> de antemão. Ela só se torna significativa a partir do momento em se<br />
desencadeia a ação significante.<br />
Conforme Angel Pérez-Gómez 87 , os diferentes teóricos deste pensamento<br />
concor<strong>da</strong>m nos seguintes pontos: a) prática entendi<strong>da</strong> como o eixo central do currículo, b)<br />
nega-se a se<strong>para</strong>ção entre teoria e prática no âmbito profissional ; c) prática como ponto de<br />
parti<strong>da</strong> do currículo de formação; d) não reproduzir acriticamente esquemas e rotinas que<br />
regem as práticas empíricas; e) prática é mais um processo de investigação do que um<br />
contexto de aplicação, sendo um processo de investigação na ação; f) o pensamento prático<br />
do professor é <strong>uma</strong> complexa competência de caráter holístico, sendo encarado como um<br />
todo e não como a soma <strong>da</strong>s partes; g) a prática é <strong>uma</strong> ativi<strong>da</strong>de criativa; h) aprende-se<br />
fazendo e refletindo na e sobre a ação e i) o supervisor deve ser capaz de atuar e de refletir<br />
sobre a sua própria ação como formador. Nessa linha de pensamento é necessário criar<br />
escolas de desenvolvimento profissional ou escolas de aplicação em que os formadores<br />
tenham experiência prática e estejam inseridos no próprio contexto <strong>para</strong> o qual estão<br />
formando educadores.<br />
Carlos García destaca, por sua vez, que a<br />
importância <strong>da</strong> contribuição de Schön consiste no fato de ele destacar<br />
<strong>uma</strong> característica fun<strong>da</strong>mental do ensino: é <strong>uma</strong> profissão em que a<br />
prática conduz necessariamente à criação de um conhecimento específico<br />
e ligado à ação, que só pode ser adquirido em contato direto com a<br />
prática, pois trata-se de um conhecimento tácito, pessoal e não<br />
sistemático. 88<br />
A crítica à racionali<strong>da</strong>de técnica não pode, contudo, desconsiderar a capaci<strong>da</strong>de<br />
reflexiva do próprio técnico e nem desprezar a importância do saber-fazer. A competência<br />
do saber-fazer é fun<strong>da</strong>mental <strong>para</strong> a prática educativa, não podendo, entretanto, reduzir-se<br />
à <strong>uma</strong> aplicação mecânica de conhecimentos e de procedimentos didáticos. O saber-fazer<br />
não deve ser entendido como um livro de receitas. Um bom professor de formação técnica,<br />
ao refletir sobre a sua ação na ação, deve ser capaz de a<strong>da</strong>ptar os instrumentais técnicos às<br />
situações concretas em que atua e inventar soluções criativas. 89<br />
87 Angel PÉREZ-GÓMEZ, O pensamento prático do professor, p. 111.<br />
88 Carlos Marcelo GARCÍA, A formação de professores, p. 60.<br />
89 Maria Tereza ESTRELA, Introdução, p. 15s.