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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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93<br />

abrangendo-a no passado, no presente e no futuro. 215 O si-mesmo desvela, ao longo <strong>da</strong><br />

existência, nossa meta oculta de vi<strong>da</strong> mediante o desenvolvimento do complexo do eu, o<br />

qual é intencionado a partir do si-mesmo. O si-mesmo é diferente do eu. Este é a dimensão<br />

consciente <strong>da</strong> personali<strong>da</strong>de; o eu está subordinado ao si-mesmo e está <strong>para</strong> ele assim<br />

como a parte está <strong>para</strong> o todo. O eu é algo individual e único, que permanece de algum<br />

modo idêntico ao si-mesmo 216 . O eu é o fator complexo com o qual todos os conteúdos<br />

conscientes se relacionam. 217<br />

Em 1946, Jung amplia seu conceito do complexo do eu, afirmando que<br />

o tom sentimental do complexo do eu, o sentimento de si-mesmo é, por<br />

um lado, expressão de to<strong>da</strong>s as expressões corporais, mas, por outro lado,<br />

de todos os conteúdos psíquicos de representação, que são percebidos<br />

como pertencentes à nossa própria pessoa. 218<br />

Os limites <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de devem ser considerados provisórios e permeáveis. Tornar-<br />

se si-mesmo significa retraçar os limites entre si próprio e o mundo, entre si próprio e o<br />

inconsciente. No processo de construção <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>, esses limites de identi<strong>da</strong>de<br />

transparecem nas manifestações de resistência à ressignificação <strong>da</strong> <strong>práxis</strong> <strong>docente</strong> e à<br />

ressimbolização <strong>da</strong> sua identi<strong>da</strong>de.<br />

O eu ideal é um compromisso entre o projeto de vi<strong>da</strong> geralmente inconsciente que<br />

está em harmonia com nosso si-mesmo, nossa vitali<strong>da</strong>de e as fantasias de nossos pais,<br />

irmãos, do mundo e do próprio contexto profissional e social a respeito de nossa<br />

personali<strong>da</strong>de e de seu vir-a-ser. O eu ideal, contudo, modifica-se constantemente, no<br />

decorrer <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, assim como mu<strong>da</strong>m as fantasiais, as intencionali<strong>da</strong>des pe<strong>da</strong>gógicas, as<br />

relações interpessoais e as imagens e pré-imagens que as outras pessoas têm <strong>da</strong> pessoa.<br />

Entretanto, devemos ter o cui<strong>da</strong>do <strong>para</strong> não desenvolver <strong>uma</strong> imagem do eu ideal a partir<br />

de <strong>uma</strong> projeção ou <strong>uma</strong> imposição de <strong>uma</strong> cultura social ou <strong>uma</strong> ideologia dominante e<br />

manipuladora.<br />

Nesse sentido, o eu ideal não deve ser visto e compreendido a partir do sujeito<br />

social, do consciente, e sim do inconsciente. E como o inconsciente somente é conhecido a<br />

partir do que se manifesta nos símbolos, devemos ter o cui<strong>da</strong>do de ver o eu ideal como<br />

<strong>uma</strong> fantasia, <strong>uma</strong> ilusão. Na ativi<strong>da</strong>de educativa de ressignificação e ressimbolização <strong>da</strong><br />

215<br />

Carl Gustav JUNG, Mysterium Coniunction, § 414.<br />

216<br />

Carl Gustav JUNG, AION - estudos sobre o simbolismo do si-mesmo, § 9s.; ID., Os arquétipos e<br />

o inconsciente, § 315.<br />

217<br />

Carl Gustav JUNG, AION - estudos sobre o simbolismo do si-mesmo, § 1.<br />

218 Id., ibid., § 3 e 4.

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